Chovia torrencialmente. O rio transbordava, as águas invadiam o vilarejo.
Aquele crente, que morava sozinho em confortável vivenda multiplicou, orações, pedindo a assistência do Céu.
Em dado momento, ante o avanço da enchente, foi para o telhado, confiante de que Deus o salvaria.
As águas subindo…
Passou um barco recolhendo pessoas ilhadas.
– Não é preciso. Deus me salvará!
As águas subindo…
Passou uma lancha…
– Fiquem tranqüilos! Confio em Deus.
As águas subindo…
Passou um helicóptero…
– Sem problema! Deus me protegerá.
As águas subiram mais, derrubaram a casa e o homem morreu afogado…
Diante do Criador, na vida eterna, reclamou:
– Oh! Senhor! Confiei em ti e me falhaste!
– Engano seu, meu filho! Mandei um barco, uma lancha e um helicóptero para recolhê-lo!
***
Não estamos entregues à própria sorte, como sugere o pensamento materialista de Jean Paul Sartre (1905-1980).
O
Senhor não esquece ninguém. A todos estende sua mão complacente,
dando-nos condições para enfrentar nossas dificuldades e dissabores.
Há
um problema: raramente identificamos a ação divina. Isso porque as
respostas de Deus nem sempre correspondem às nossas expectativas.
Pedimos o que desejamos.
Deus nos dá o que precisamos.
Os temporais da existência simbolizam as esfregadas da Providência Divina, ensejando mudança de rumo.
Senão, vejamos:
1. A doença respiratória…
2. O lar em desajuste…
3. A dificuldade financeira…
4. A perda do emprego…
5. O acidente automobilístico…
São situações constrangedoras que nos perturbam.
Pedimos a ajuda divina.
Deus vem em nosso auxílio, mas é preciso que nos disponhamos a tomar o barco do futuro, deixando no passado velhas tendências.
Podemos considerar, na mesma seqüência, que:
1. O tabagismo afeta os pulmões.
2. A incompreensão conturba o relacionamento afetivo.
3. A indisciplina nos gastos faz rombos nas contas
4. A displicência profissional resulta em demissão.
5. A irresponsabilidade no trânsito favorece desastres.
A Sorte Está Lançada
Conta Suetônio (69-122), que no ano 49 a.C., em plena guerra civil
romana, confrontando-se os generais Pompeu (106-48 a.C.) e Júlio César (100-44 a.C.), este postava-se
vacilante, com seu exército às margens do Rubicão, rio que separava a Itália da
Gália Cisalpina.
Em dado momento César viu um homem muito alto,
sentado próximo, pitando um pedaço de junco.
A estranha figura arrebatou a trombeta de um
soldado e, pondo-se a soprar o toque de batalha, vadeou o rio em direção à
margem oposta.
Empolgado, Júlio César anunciou:
Vamos avançar, e seguir para onde quer que os
desígnios dos deuses e as provocações dos inimigos nos chamem.
A visão daquele ser fantasmagórico que avançara
resoluto, convocando seu exército à batalha afigurou-se a César um sinal
divino.
Competia-lhe obedecer.
Resoluto, fez, em altas vozes, a proclamação
famosa:
– Alea jacta est! – a sorte está lançada!
E atravessou o Rubicão, dando início a uma guerra
que culminaria com seu triunfo sobre as tropas de Pompeu.
Alguns anos depois, após muitas lutas e muitas
mortes, orgulhoso de suas conquistas, Júlio César faria outra proclamação
famosa:
– Vim, vi e venci!
Percebe-se que ele não era exatamente um
instrumento das potestades celestes para nobres realizações. Apenas um
guerreiro ávido de conquistas.
***
A História está repleta de episódios dessa
natureza, em que interferências do mundo espiritual, tomadas à conta de
sobrenaturais ações dos deuses, estimulam determinadas realizações humanas.
Isso não significa que essas influências sejam
sempre boas.
O Espírito que apareceu à visão de Júlio César,
instigando-o a prosseguir, não era, obviamente, um representante dos poderes
espirituais que nos governam, dando apoio a suposto movimento de renovação.
Aquela campanha, somadas as anteriores e
posteriores, dizimariam centenas de milhares de romanos e de seus adversários,
semeando dores e atribulações.
***
Ontem como hoje vivemos rodeados de Espíritos.
A população desencarnada é aproximadamente três vezes
maior, espraiando-se por vários planos, no infinito.
Grande é o contingente de Espíritos que, em face
de suas limitações e tendências, jungem-se aos homens, participando de seus
interesses, interferindo em seus negócios, explorando-lhes as tendências e
viciações.
Na questão 459, de O Livro dos Espíritos, o mentor
espiritual que orienta Allan Kardec diz que eles nos influenciam mais do que
imaginamos, o que significa que freqüentemente agimos como joguetes em suas
mãos.
Sua presença raramente se faz sentir personificada
num homem que toca uma trombeta, induzindo-nos a superar o curso de nossas
vacilações, para as realizações de que cogitamos.
Mas poderá ser pressentida nos pensamentos e
impulsos que nos acometem, induzindo-os a fazer ou falar algo que nos pode ser
benéfico ou de que poderemos nos arrepender amargamente.
Não é fácil separar suas sugestões das idéias que
nos são próprias, mas podemos estabelecer o teor dessas influências a partir de
nossas motivações existenciais.
A ambição de César era conquistar o mundo.
Conta-se que certa feita, ainda jovem, teria
chorado diante de uma estátua de Alexandre, o Grande, considerando que em sua
idade o guerreiro grego já realizara aquela proeza.
Natural, portanto, que se cercasse de Espíritos
ligados à violência, que inspiravam suas iniciativas e as guerras de conquista
em que se empenhava.
A pouca disposição em encarar nossos erros e
desacertos, como causa de nossas dificuldades e problemas, neutraliza a
ação divina em nosso benefício.
As crises sugerem mudanças.
Se não mudamos com elas, sempre nos sentiremos abandonados por Deus, incapazes de identificar o socorro divino.
***
A propósito vale lembrar interessante texto, que me veio ter às mãos, sem indicação do autor:
Pedi a Deus para tirar os meus vícios.
Deus disse:
– Compete a ti superá-los.
Pedi a Deus para fazer completo meu filho deficiente.
Deus disse:
– Seu Espírito é completo. O corpo é temporário.
Pedi a Deus para me dar paciência.
Deus disse:
– Paciência não é dádiva. É aprendizado.
Pedi a Deus para me dar felicidade.
Deus disse:
– Eu dou bênçãos. Felicidade depende de ti.
Pedi a Deu para me livrar da dor.
Deus disse:
– Sofrer te afasta do mundo e te aproxima de Mim.
Pedi a Deus para fazer meu espírito crescer.
Deus disse:
– Deves crescer por si próprio. Farei a poda para que dês frutos.
Pedi a Deus todas as coisas que me fariam apreciar a vida.
Deus disse:
– Eu te darei Vida para que aprecies todas as coisas.
Pedi a Deus para me ajudar a amar os outros como Ele me ama.
Deus disse:
– Ahhh! Finalmente entendeste!
Livro Abaixo a Depressão
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