Quem é este Orixá chamado Oxumarê?
Para responder a pergunta “Oxumarê – Quem é este Orixá?”, precisaremos falar sobre sua familia, origem e cultura.
Orixá Oxumarê, filho mais novo e preferido de Nanã, irmão de Omulu, Orixá típico da Nação Jejê do Candomblé,
sendo este não muito comum na religião da Umbanda.É uma entidade branca
muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da
terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo,
controla e põe os astros e o oceano em movimento.
Rastejando pelo Mundo, desenhou seus
vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a
continuidade do movimento e do ciclo vital. A cobra é dele e é por isso
que no Candomblé não se mata cobra. Sua essência é o movimento, a
fertilidade, a continuidade da vida.
A comunicação entre o céu e a terra é garantida por Oxumarê.
Leva a água dos mares, para o céu, para que a chuva possa formar-se - é
o arco-íris, a grande cobra colorida. Assegura comunicação entre o
mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por isso à associa do
ao cordão umbilical.
Oxumarê é um Orixá
bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a
respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais
afastados do Candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão
começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao
nome do Orixá feminino Oxum, a senhora da água doce. Algumas correntes
da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Orixá Oxumarê é uma das
diferentes formas e tipos de Oxum, mas no Candomblé tradicional tal
associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas,
inclusive quanto aos cultos e à origem.
Em relação a Oxumarê, qualquer definição
mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um
Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo;
metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a
dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.
Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê
carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si:
bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.
• A Saudação de Oxumarê: Arrobobô
Oriki completo com tradução para Oxumarê
Nos seis meses em que é uma divindade
masculina, é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a Oxumarê o
poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris
brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do
arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em
forma de vapor, onde se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova
transformação química recuperando o estado líquido e voltará à terra sob
essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas
nuvens, novas chuvas, etc.
Nos seis meses subseqüentes, o Orixá
assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que
representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se
arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para
viver sempre junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhando em
materialismo. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua
figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.
Não podemos nos esquecer de que tanto na
África, como especialmente no Brasil, a população negra, foi
continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais
utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão
física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a
crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião
do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades,
introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja
Católica. Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em
Oxumarê e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador
do que ela na mitologia católica.
Por isso, não seria difícil para um
jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua visão
teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos
católicos na religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só
poderia trazer o mal.
Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresenta Oxumarê é que este é o Orixá
do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar
entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o Orixá da tese e
da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos
regulares, que não podem parar, como a alternância entre chuva e bom
tempo, dia e noite, positivo e negativo.
Conta-se sobre ele que, como cobra, pode
ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria
cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o
próprio rabo, não parará de girar, sem controle. Esse movimento
representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre
repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo,
regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses
processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros
se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a
terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da
existência de uma só pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o
universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído
imediatamente pelo caos.
Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo.
Seu domínio se estende a todos os
movimentos regulares que não podem parar, como a alternância entre o dia
e a noite, o bom e o mal tempo (chuvas) e entre o bem e o mal (positivo
e negativo).
Enquanto o arco-íris traz a boa notícia
do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação
livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma
civilização das selvas, já que ela está em seu habitat característico,
podendo realizar rápidas incertas.
Pierre Verger acrescenta que Oxumarê
está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de
determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor
de tudo o que é alongado.
O cordão umbilical, que está sob seu
controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se
torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa
conservação dessa árvore.
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