Exu e sua Multiplicidade
Exu possui múltiplos e contraditórios aspectos. 
Devido a esta multiplicidade, ele desempenha diversas funções, produzindo vários 
nomes, como por exemplo, Èsù Alákétú.
Alákétú é uma denominação real dos 
soberanos da região africana de Ketu e quer dizer, "Senhor de Ketu".
Como 
o nome de outros soberanos de outras regiões africanas, temos:
*Aláàfin 
de Òyò
*Aláàye de Èfòn 
*Óòni de Ifè e assim por diante. 
Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de uma 
artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um dos Reis de Ketu. Sendo 
que as comunidades dessa nação no Brasil, o reverenciam também com este 
nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas 
atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, 
pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como 
elemento de força diante dos pedidos.
Mas, não é só isso que leva os 
assentamentos de Exu. Alguns assentamentos possuem o vulto de uma figura humana 
com olhos para ver e para agir. Os assentamentos recebem nomes diversos como 
este Èsù Alákétú ou Èsù Ebarabo e outros mais.
O RITUAL DE ÌPÀDÉ 
NO CANDOMBLÉ
A palavra Ìpàdé significa "encontro, reunião". Da contração 
desta palavra surgiu o termo "padé" que ficou para determinar o "ritual do 
padé".
Nessa ocasião, todos os membros da casa devem estar no barracão. 
No momento do ìpàdé ou padé os Exus, Ancestrais, Orixás e pessoas filhos do egbé 
formam um conjunto muito importante.
O ìpàdé não é uma festa pública, não 
podendo aí nesse momento haver nenhuma conversa por parte dos participantes. 
Todos permanecem abaixados, ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a 
sua volta. Este ato é por causa de iyamin. Se uma pessoa levantar a cabeça em 
hora indevida, as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento.
No ato 
do ìpàdé, só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão, pois a ela foi conferido 
um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das 
ajé(iyamin).
Na verdade, o ìpàdé é uma obrigação feminina. Não quero 
dizer com isso que homens não participem; apenas ressalto que quem controla o 
ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou "As Grandes Mães 
Feiticeiras".
ERE
Todo orixá está ligado a um ou vários Exus 
assim como a um Ere.
A palavra Eré vem do yorubá iré que significa 
"brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa "fazer 
brincadeiras".
O Ere(não confundir com criança que em yorubá é omodé) 
aparece instantaneamente logo após o transe do orixá, ou seja, o Ere é o 
intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação, 
o Ere é de suma importância pois, é o Ere que muitas das vezes trará as várias 
mensagens do orixá do recém-iniciado. O Ere na verdade é a inconsciência do novo 
omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante 
o período de reclusão.
O Ere conhece todas as preocupações do iyawo, 
também, aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em 
estado de "Ere" é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade, 
que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá.
Após o 
ritual do orúko, ou seja, "nome de iyawo" segue-se um novo ritual, ou o 
reaprendizado das coisas.
Os vários nomes de Ere 
Cada Ere traz um 
nome inspirado no arquétipo ou natureza do orixá ao qual está submetido, por 
exemplo:
* "Foguete" ou "Trovãozinho" para Xangô 
* "Ferreirinho" 
para Ogun 
* "Pingo de Ouro" para Oxum e assim por diante. 
Agora, esses nomes não serão os mesmos em cada iyawo. Cada Ere trará 
um nome que, como expliquei, será inspirado no arquétipo ou natureza do orixá a 
que está submetido.
A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS
Três elementos 
são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas finalidades e são 
essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e Waji.
Osun e 
Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são transformados em pó para 
preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de iyawos, ou seja, das 
pessoas que se iniciam no Candomblé.
Osun, Efun e Waji servem aí para 
proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé da sociedade 
das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as 
asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece, todo o mal fica 
nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo.
Outra forma de 
se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no intuito de 
impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de 
eleye.
Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com 
esses elementos Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das 
yamins.
O SIGNIFICADO DE PANÁ E KITANDA
Durante os ritos de 
iniciação, a pessoa é devidamente isolada mantendo contato somente com pessoas 
preparadas para cuidá-la.
Toda atenção lhe é dedicada, sendo-lhe 
destinada uma mãe criadeira também denominada de ojúbòna, para lhe assistir em 
tempo integral.
Um iyawo equivale a uma criança nova, recém-nascida e 
merecedora de todos os cuidados. Daí o iyawo também ser chamado de omotun, que 
quer dizer "criança nova". Embora adulta e talvez bem vivida, a pessoa ao entrar 
para se iniciar se transforma numa criança, pois é um ser novo que nasce para a 
religião. Por esse motivo, após o ritual do oruko, ou seja, do nome de iyawo, 
torna-se necessário um novo ritual: o reaprendizado das coisas, que no Candomblé 
de Ketu chama-se Paná e nos de Angola, Kitanda.
A palavra paná em yorubá 
significa "fim do castigo", em referência a quebra da rigidez exigida durante o 
começo da iniciação (banhos, pintura, raspagem) e kitanda, em kimbundo, 
significa "feira, mercado".
Essa maior liberdade é proporcionada pela 
presença de entidades chamadas no Ketu de ere. Estas entidades têm 
características infantis proporcionando ao iyawo um certo relaxamento e 
repouso.
Estes rituais paná (no Ketu) e kitanda (no Angola) representam 
em verdade a quebra das kizilas em que o iyawo estava submetido durante o tempo 
de recolhimento. É o reaprendizado dos gestos e ações do dia a dia. Por isso, 
são colocados objetos como: tesoura, lápis, linha, agulha, vassoura, copos, 
pratos e ainda colocam-se frutas para serem vendidas. Enquanto os homens imitam 
trabalhos no campo, as mulheres representam tarefas caseiras. Mas tudo isso é 
feito num clima de total alegria.
Mas, o iyawo ainda sofrerá alguns èèwò 
durante algum tempo, tais como: não vai à praia, não toma bebida alcoólica, só 
se veste de branco e comporta-se de forma submissa diante dos mais velhos, além 
de não receber a benção com a cabeça coberta. Enfatizo que iyawo não toma benção 
com a cabeça coberta.
Adosu e Iyawo são denominações nas casas de Ketu; 
Muzenza, nas casas de Angola e Vodunsi, nas de Jeje

 
 
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