Há que se entender de uma vez por todas que Umbanda e Candomblé são
religiões absolutamente distintas, que guardam muito mais diferenças do que
semelhanças.
É como querer comparar a religião Católica com a Evangélica. Existem
semelhanças? Sim como, por exemplo, os nomes de alguns Orixás, mas a forma de
entendimento do que seja Orixá e principalmente a forma de culto a esses Orixás
é absolutamente diferente.
Com Exu não poderia ser diferente. O Candomblé o entende como sendo Orixá
ou ainda nas palavras de Pierre Verger:
“Exu é a figura mais controvertida dos cultos
afro-brasileiros e também a mais conhecida. Há, antes de mais nada, a discussão
se Exu é um Orixá ou apenas uma Entidade diferente, que ficaria entre a
classificação de Orixá e Ser Humano. Sem dúvida, ele trafega tanto pelo mundo
material (ayé), onde habitam os seres humanos e todas as figuras vivas
que conhecemos, como pela região do sobrenatural (orum), onde trafegam
Orixás, Entidades afins e as Almas dos mortos (eguns).”
Como a nossa discussão não diz respeito as interpretações do Candomblé,
visto se tratar de outra religião, nos ateremos a Umbanda onde Exu não é Orixá.
Não é Orixá porque Orixá é energia emanada de Zambi (Deus), representada na
terra através das Forças da Natureza. Orixá é potencia de Luz.
Origens
A título de curiosidade apenas, ressalto que existem várias correntes que
afirmam diferentes origens para a palavra Exu, a saber:
"A
primeira corrente afirma que a palavra Exu seria uma corruptela ou distorção
dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem,
nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a
Lemúria, continente que teria existido no planeta Terra.
A Segunda
corrente assevera que o nome Exu seria uma variante do termo Yrshu, nome
do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu,
aspirando ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados
pelos Magos Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus
seguidores do território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exu, como
sinônimo de povo banido, expatriado.
A terceira
corrente afirma que o nome Exu é de origem africana e quer dizer Esfera.
Saliente-se
que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do sânscrito, significando
também povo banido." (Retirado do site de Jurema de Oxalá)
Como disse anteriormente, é apenas a título de curiosidade, pois nada
disso interfere no trabalho de Exu nos terreiros de Umbanda.
Mitos
Isto esclarecido passemos a tentar esclarecer alguns pontos que são mitos
dentro da Umbanda. Mitos que foram criados por pessoas que não entendiam o
verdadeiro trabalho de Exu na Umbanda, aliás não entendiam o verdadeiro
trabalho da Umbanda.
A Umbanda em sua dinâmica básica lida com espíritos dos mais
variados graus de evolução. As entidades, guias e mentores que se apresentam
nos terreiros exercem um trabalho incansável contra as forças trevosas.
A origem de qualquer coisa em uma religião tem a ver com a função dela
dentro da mesma.
Na Umbanda a origem de Exu está em função da necessidade de existirem
guardiões, encaminhadores e combatentes das forças trevosas. Trabalho básico da
Umbanda. Por isso se diz que “Sem Exu não se faz nada”. Isso não porque Exu não
deixa, porque é vingador, traíra ou voluntarioso como querem fazer pensar
algumas lendas sobre Exu, mas sim porque não há como combater forças trevosas
sem defesa e proteção.
Então pode vir a pergunta: “Então nossos guias (caboclos e pretos
velhos) não nos protegem e defendem?” Claro que protegem e defendem,
entretanto cabe a Exu o primeiro combate, o combate direto contra as energias
que circulam no Astral Inferior. Esta é a especialidade de Exu, pois conhece
profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função
primeira, assim como a dos Caboclos e Pretos Velhos é a de nos orientar e
aconselhar.
Tudo na Umbanda é organizado, coerente e lógico.
Tendo isso em mente, um segundo mito a ser desfeito diz respeito a
confiabilidade de Exu. Como disse anteriormente, Exu não é traíra! Qual a
lógica de Orixá e entidades de luz o colocarem como guardião, defensor se ele
fosse “subornável”, se ele não fosse confiável?
Seguindo o mesmo raciocínio outro mito que não tem base alguma é “Exu
tanto faz o mal quanto faz o bem e depende de quem pede. Nós é que somos os
maus na história”. Não existe “defesa” pior para Exu do que esta, pois
trata-se de outra incoerência! Se uma criança sabe diferenciar o bem do mal,
como Exu, conhecedor de segredos de magia, manipulador de magia, defensor,
combatente de forças trevosas possa ser tão imbecil a ponto de não diferenciar
o bem e do mal e o que é pior trair a confiança de Caboclo e Pretos Velhos? E
ainda por cima não ter nenhum tipo de aspiração evolutiva, ou seja, ficar
sempre entregue a mercê de nossa vontade nunca aspirando evoluir?
Aí vem outra pergunta: “Mas eu fui num terreiro e disseram que o
trabalho contra mim foi feito por um Tranca Ruas”. Resposta: o trabalho foi
feito por um obsessor se passando por Tranca Ruas. Aliás, obsessor se passa por
tudo, inclusive por enviado de Orixá, como Caboclo e Preto Velho.
E por que isso acontece? Por causa de médiuns invigilantes. Médiuns pouco
compromissados com o Astral Superior, médiuns e dirigentes ignorantes. Médiuns
e dirigentes que buscam os terreiros de Umbanda para satisfazer as suas baixas
aspirações, como válvulas de escape para fazerem “incorporados” o que não tem
coragem de fazer de “cara limpa”! Médiuns de moral duvidosa que gritam, xingam,
bebem, dançam de maneira grotesca para uma casa religiosa e imputam a Exu esses
desvarios. Caso estejam realmente incorporados estão na realidade é sofrendo a incorporação
de kiumbas (que são espíritos moralmente atrofiados ou que buscam apenas
tumultuar o ambiente). Nunca um Exu ou Pomba Gira de verdade irá se prestar a
um papel desses.
Outro ponto que gera muita confusão diz respeito a incorporação de Exu,
pois já ouvi a pergunta: “Se ele é guardião, quando está incorporado não
está “guardando” nada.” Novamente a lógica e a coerência devem falar
mais alto do que a ignorância e a incredibilidade.
O Exu Guardião não é o que incorpora nos terreiros. Os que incorporam são
Exus de Trabalho (como eu costumo chamar), de defesa pessoal do médium. Esses
Exus também participam dos trabalhos junto aos Exus Guardiões e Amparadores no
combate as forças do Astral Inferior, mas os Exus de Trabalho tem um outro tipo
de compromisso que é com a Banda do médium e para com a Casa a qual o
médium está. Por isso respeitam o templo religioso e não induzem o médium a
embriagues, algazarra ou a comportamentos chulos e deselegantes.
São espíritos de luz em busca de evolução. Que estão altamente compromissados
com as esferas superiores, com os guias e protetores do médium e com toda a
egrégora de luz da Casa na qual o médium está inserido. Trabalhando diretamente
com esta egrégora eles auxiliam no combate e encaminhamento dos espíritos que
são atraídos pela corrente de desobsessão do terreiro que fazem parte. A
exemplo de Nossa Casa os Exus de Trabalho de cada médium participam diretamente
dos trabalhos realizados pela Corrente de Desobsessão e Cura de Caboclo Pena
Branca
Entretanto, cabe lembrar, que o estágio evolutivo de Exu de Trabalho está
abaixo de Caboclo e Pretos Velhos. Isso não significa que não sejam evoluídos
apenas encontram-se num estágio abaixo. Sua energia é mais densa. Conseqüentemente
a sua vibração ou energia de incorporação está mais próxima (ou mais similar) a
vibração de terra, exigindo do médium um nível de elevação diferenciado do que
quando vai incorporar um Caboclo ou Preto Velho ou até mesmo outro enviado de
Orixá. Ou seja, quando o médium se prepara para a incorporação, ele tem que se
concentrar e elevar a sua própria vibração, enquanto a entidade incorporante
baixa a sua. Quanto mais evoluída for a entidade incorporante, mais sutil é a
sua energia e mais exigirá do médium concentração e elevação para a
incorporação.
Outro aspecto a ressaltar é que esse estágio evolutivo não impede Exu de
trabalhar conjunta e harmoniosamente com entidades mais evoluídas, até porque
além de trabalharem sob as suas ordens, ou seja, sob as ordens de enviados de
Orixá, a questão “hierarquia” é muito bem resolvida no Astral Superior. Lá não
existem “disputas” pelo “poder” ou se questiona quem “manda”. Todos estão
conscientes de seus papéis e do trabalho que precisa ser realizado, além de
trabalharem com um mesmo objetivo, a Caridade!
A palavra de ordem de Exu é “compromisso”! Por tudo isso ele não é e nem
nunca foi traidor ou do “mal”.
Sobre a Incorporação de Exu
Exu e Pomba Gira quando incorporados em seus médiuns, podem se apresentar
de duas maneiras básicas: alegres ou sérios. Mas mesmo na alegria não há
desrespeito ou comportamentos inadequados a um templo religioso.
E ainda vou mais longe, e o que vou dizer agora visa justamente desmistificar
outro mito ligado a Exu. Quando o Exu é deselegante o médium também o é, só que
disfarça quando não está “incorporado”.
Esse médium invigilante e portador de moral duvidosa ao receber a energia
de incorporação de Exu (que começa a se dar através da aproximação do mesmo),
por ser uma energia bastante similar a nossa e justamente por estar mais
próxima a crosta terrestre, onde o combate com o Astral Inferior se dá, passa a
dar vazão aos seus sentimentos menores, influenciando e interferindo
diretamente na incorporação do Exu, que assiste a tudo desconsoladamente.
Transferindo para Exu sentimentos e comportamentos que são seus.
Isso não chega a ser mistificação, ou seja, fingimento, porque existe a
energia de Exu ao lado ou perto do médium. A mistificação envolve o fingimento
puro e simples, sem envolvimento de energia ou proximidade de entidade alguma.
Mas trata-se de animismo.
A incorporação de Exu e Pomba Gira envolve a manipulação energética de
chacras inferiores, e o que acontece no caso descrito acima é que o médium
deliberadamente utiliza mal essa energia. Digo deliberadamente, porque isso
envolve intenção, moral e mal aproveitamento da energia de Exu.
Com a continuidade da insistência do médium em se utilizar dessa energia
para a manifestação de seus desejos e aspectos menores, em pouco tempo há a
queda do médium... O Exu se arranca e fica o que? Kiumba que assume o nome do
Exu e aumenta os desvarios... E o médium não percebe porque no fundo usa a influência
do kiumba (aliás, um usa o outro) para brigar com a mulher, encher a cara de
cachaça, falar palavrão, fazer pedidos de oferendas nas encruzilhadas da vida,
matança de animais e outras aberrações.
Cabe a direção da Casa coibir veementemente esses comportamentos no seu
nascedouro, ou seja, no médium e assim que começam acontecer. Chamando-o a
realidade, orientando e desestimulando atitudes desse tipo. Tentando recuperar
o médium. Mas se for o caso não deve pestanejar em tomar medidas drásticas para
a solução do problema.
Sobre a capacidade de manipulação energética de Exu
Voltando a questão energética de Exu, já falamos que ele é um grande
manipulador de energias, transfigurando-se em formas diferenciadas de acordo
com o ambiente em que está.
A exemplo disso vemos Exu se apresentando aos obsessores que irão
combater em configuração que desperte medo e/ou respeito. Ele não poderia se
apresentar a um “inimigo” como se fosse uma linda Cinderela... Isso não
assustaria ninguém, então ele assume sim formas rudes, entretanto ele o faz por
estratégia e não por serem deformados, e muito menos eles tem chifres, rabos e
pés de bode como são tão mal retratados nessas imagens que encontramos em casas
de artigos religiosos.
Como Exu manipula energias para assumir outra configuração “física”? Em
primeiro lugar há que se dizer que a forma original de Exu é humana, nada tem
de partes de animais, porque os espíritos que compõe a falange de Exu são
espíritos como nós, muitos são contemporâneos inclusive.
Então Exu tem dois braços, duas pernas, uma cabeça, dois olhos, enfim...
Assim como nós. Foram homens e mulheres normais das mais variadas profissões.
Bem, em primeiro lugar em função do trabalho que irá executar ou da
“batalha” que irá travar Exu estuda o ambiente que irá entrar, em seguida
vibrando numa faixa bem acima do meio que irá adentrar, estuda os seus
“adversários”, suas intenções, seus planos, seus graus de compreensão, seus
medos, etc.
Estabelece uma estratégia e assume a configuração que irá atingir o ponto
fraco da maioria do grupo que irá combater. Lembrando que Exu não trabalha
sozinho, isso é feito em agrupamentos sob a supervisão direta de um enviado de
Orixá.
Com isto vemos outra capacidade de Exu, vibrar em faixas diferentes de
energia.
E detalhe importantíssimo: tudo isso sem a necessidade de sacrifícios de
animais e despachos em encruzilhadas, porque quem “recebe” tudo isso é kiumba!
Lembrando ainda que isso dentro do Ritual de Umbanda!
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Um Exemplo de Trabalho de Exu
OBS: Essa história foi contada pela Pomba Gira Maria Padilha da 7
Encruzilhadas que trabalha na Egrégora do CECP, visando explicar algumas
dinâmicas de trabalho. Os personagens dessa história receberam nomes fictícios.
Carlos se dirige a um Centro de Umbanda aconselhado por um amigo, pois a
sua vida está bastante complicada. Sua mãe vive doente, já tendo ido a diversos
médicos sem sucesso na cura. O seu pai foi demitido da empresa que trabalhava
há mais de 25 anos e vive deprimido e chorando pelos cantos. Ele mesmo
desempregado há três anos, vê o seu filho adoecer sem condições de comprar o
medicamento. A sua esposa, única ainda empregada, apresenta sérios indícios de
fadiga mental e física.
Ao chegar no centro descobre que é dia de consulta com Preto Velho. O seu
amigo Cláudio, vai explicando a rotina da casa e como ele deve agir e pedir na
hora da consulta.
Chega finalmente a sua vez de se consultar, o seu pensamento está coberto
de dúvidas, achando que estava chegando ao fundo do poço ao se dirigir a um
terreiro de macumba, falar com uma pessoa que nunca viu antes na vida e abrir o
seu coração, suas dúvidas e temores. Num primeiro momento acha graça da posição
do médium todo curvado e do jeito de falar, não consegue se aquietar, mas o
Preto Velho vai aos pouquinhos ministrando alguns passes e por fim Carlos
começa a se abrir.
O Preto Velho a tudo ouve, manifestando de tempos em tempos palavras
encorajadoras para o aflito Carlos.
Carlos não entende o por que, mas enquanto ele fala, o Preto Velho vai
estalando os dedos em volta dele, olha discretamente para o copo d’água ao lado
da vela, joga para cima a fumaça de seu cachimbo, e assim vai firmando e
passando as informações para os guardiões que pertencem a egrégora da Casa, que
através dos Exus de trabalho partem com a velocidade do pensamento para a casa
de Carlos.
Em dado momento, o Preto Velho que está “preso” ao corpo carnal do médium
e conseqüentemente com sua visão limitada, utiliza alguns elementos magísticos
e ritualísticos para proporcionar alívio ao Carlos.
Diz no final da consulta que irá trabalhar para ele e toda a sua família,
dá algumas recomendações sobre como rezar e elevar o pensamento a Deus e se
despedem.
Carlos tem alguma sensação de alívio, sente-se mais leve e confiante, mas
ao mesmo tempo não acredita que meia dúzia de estalar de dedos vão “resolver” o
seu problema... Incrédulo, mas não tão fraco retorna a sua casa sem nem
imaginar que a batalha está apenas começando.
O Preto Velho ao ver Carlos se levantar e ir embora sabe que a essa
altura toda a egrégora da Casa já está se preparando para a batalha, e, apesar
de ainda estar preso ao corpo do médium pelo processo de incorporação, pôde
perceber que será grande.
Mas ainda há o que ser feito em terra... Precisa descarregar o seu
aparelho e o terreiro. Terminado o saravá ele parte indo se unir com os outros
membros da egrégora.
Com o término dos trabalhos, os médiuns começam a ir embora e no Terreiro
de Umbanda se faz silêncio. Mas um silêncio apenas aos ouvidos humanos, pois os
sons ali emitidos estão numa freqüência diferente dos sons conhecidos nessa
Terra.
E os médiuns pensam: “A gira terminou.”
Não meus caros, a “gira” está apenas começando.
A egrégora da Casa está reunida dentro do terreiro aguardando o retorno
dos Exus de Trabalhos com as informações reais de cada consulta que foi
realizada.
Os Exus vão retornando, um a um.
O Mentor da Casa assiste e faz intervenções quanto às deliberações do
Alto, e os Chefes de Linha estabelecem o famoso “quem vai fazer o que”. Tudo
isso ocorre em ambiente absolutamente harmônico e organizado.
Exus, Caboclos e Pretos Velhos trocam impressões a respeito dos problemas
apresentados e deliberam.
Mas, voltando ao nosso amigo Carlos. (Nesse momento vou dar nomes
fictícios também as entidades envolvidas nesse trabalho. Digamos que o Preto
Velho que atendeu Carlos chama-se Pai Benedito e o Exu de Trabalho chamado por
ele foi Exu Marabô).
Quando Exu Marabô retorna com as informações a respeito do que encontrou
na casa de Carlos, o diálogo que se dá é o seguinte:
Marabô: É, Pai Benedito, a situação lá está bem complicada.
Pai Benedito: Eu já suspeitava. O que você viu?
Marabô: A casa do moço Carlos foi totalmente absorvida por uma rede de
energia que tem seres bem grotescos mantendo-a firme. Segui buscando a origem
dessa rede e me deparei com uma construção logo acima da casa.
Adentrando ao recinto vi uma inteligência poderosa por trás disso, mas
sem nenhuma relação direta com nenhum dos envolvidos. Buscando entender a
“trama” continuei procurando o porque daquilo e encontrei uma mulher bastante
dementada, com um aparelho acoplado em sua nuca e pude “ler” seus pensamentos e
“sentir” seus desejos que eram de vingança para com o pai carnal do moço
Carlos. Vi também que eles ainda não sabem que o moço Carlos veio aqui no
terreiro.
Bem, em resumo: A inteligência envolveu essa pobre infeliz e
prometendo-lhe “devolver” o pai do moço Carlos pra ela e suga suas energias que
é retro-alimentada pelo sentimento de culpa que o pai do moço Carlos tem.
Parece que foi uma aventura dele na juventude, só não me preocupei em saber se
desta ou de outra vida, pois achei que os dados que tinha já eram suficientes
para podermos trabalhar.
Pai Benedito: Sim, sim... Mais do que suficientes! Não estamos aqui
para julgar ninguém. Isso cabe ao Pai. Bem, nesse caso teremos que destruir
essa construção, mas precisamos primeiro recuperar a moça, e já que o pai de
Carlos está involuntariamente retro-alimentando a construção, precisaremos de
recursos para auxiliar os familiares também.
Assim, Pai Benedito se dirige ao Caboclo Flecha Dourada, responsável pela
corrente de desobsessão daquele terreiro e expõe a situação.
Imediatamente o Caboclo determina que a Pomba Gira Figueira irá utilizar
os seus elementos magísticos para que a equipe de resgate da Casa recupere a
moça e quem mais tenha condições de tratamento e a “equipe de força” destrua a
construção e todos os equipamentos dentro dela.
Tarefas distribuídas, eles partem para a construção.
Caboclos, Pretos Velhos e Exus guardam uma certa distância da construção
e observam a Pomba Gira Figueira assumir uma configuração praticamente
transparente.
Ao chegar perto da construção percebe-se sair de sua boca uma espécie de
fumaça enegrecida que começa a tomar conta do ambiente. Logo atrás dela, homens
empurram uma espécie de carrinho, que lembram os carrinhos usados em minas de
escavação de carvão.
Conforme a Sra. Figueira vai entrando no ambiente tomado por essa fumaça
negra, os seres que lá estão caem em profundo sono, sendo resgatados pelos
homens e colocados dentro dos carrinhos. A ação dela é rápida. Ninguém percebe
a sua presença.
Quando todos são resgatados, a Sra. Figueira começa a manipular a energia
dos instrumentos dentro da construção mudando sua forma, plasmando outras
energias e transformando os instrumentos em bombas auto-destrutivas.
Finalmente sai da construção e os Exus que compõe a “tropa de choque” ou
“equipe de força” passam a detonar a bomba e a destruir a construção e a malha
que envolve a construção material na Terra e a prender os seres grotescos que
dão sustentação a malha no ponto da construção material.
Caboclos e Pretos Velhos começam a tratar ali mesmo as inteligências
retiradas da construção, colocando-os em macas e direcionando aos locais
adequados aos tratamentos que irão receber, sob os olhos atentos dos Exus
Guardiões, Amparadores e de Trabalho.
Outros partem para a construção material e começam o trabalho
individualizado entre os membros da família. Exus fazem o trabalho de limpeza e
descarga, resgatando os “perdidos”, para serem encaminhados para os trabalhos
de desobsessão da Casa de Umbanda, abrindo espaço e dando condições vibratórias
para o trabalho dos Caboclos e Pretos Velhos que é o de inspirar pensamentos de
perdão ao pai de Carlos, de esperança no próprio Carlos, saúde e bons eflúvios
na esposa e mãe de Carlos. Através de passes magnéticos Caboclos e Pretos
Velhos transformam o campo vibratório da casa e cuidam de seus moradores.
Enquanto tudo isso ocorre a casa dorme, e todos são tratados em espírito.
Enquanto isso os médiuns daquele terreiro também dormem em suas casas,
mas alguns estão doando ectoplasma, auxiliando nos trabalhos de transmutação
energética. Uns participando ativamente e outros observando e aprendendo,
através do processo de desdobramento, assistem a boa parte dos trabalhos.
Após o trabalho realizado o Mentor da Casa sorri.
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É claro que
todos sabem que de agora em diante é de acordo com o merecimento de cada um, de
cada membro dessa família, tudo dependerá do quanto cada um irá lutar para
melhorar, mas agora sem as “amarras” ou interferência do Astral Inferior.
A Umbanda
através de uma ação conjunta dos componentes da egrégora de uma Casa de Umbanda
pôde proporcionar alívio, conforto e libertação aos membros da família e
auxílio aos irmãos perdidos nas trevas da ignorância, do ódio, do rancor, do
remorso e da culpa.
Mesmo que
Carlos nunca mais volte ao terreiro para agradecer a melhora, ou que nunca
desperte para a ajuda que recebeu, mesmo que o pai de Carlos nunca se perdoe, a
Umbanda se fez presente em Caridade e Amor!
Agora diga
com sinceridade, após ler tudo isso você ainda acha que Exu é o Diabo?
Você acha
que importa ficarmos discutindo se Exu, a Umbanda e seus Orixás vieram da
Atlântida, da África ou do quintal da sua casa?
Se ainda lhe
resta alguma dúvida eu afirmo a minha certeza: a Umbanda nasceu do Coração de
Zambi em Sua Infinita Misericórdia por nós! Porque só a Umbanda tem quem nos
defenda e proteja independentemente da nossa ignorância nos impedir de
reconhecê-los como bons e amigos!
Obrigada Exu
pela proteção, defesa e principalmente por ter tanta paciência com a nossa
ignorância!
Salve os
nossos amigos, defensores e compadres! Saravá Exu e Pomba Gira!
Laroyê Exu!
Por Iassan Ayporê Pery
Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo
Pery
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