o qual nos convida a exercer nossa inteligência."
A vida é energia! Espelhada pelo Grande Espírito aos Quatro Ventos,
tomou as mais variadas formas. Todos nós vivemos das energias uns dos
outros, em trocas ou apropriações. Todos os seres alimentam-se da
energia de outros seres. A vida para manter-se viva precisa da morte! E a
morte é apenas um veículo nessa troca de energias. Porquanto a morte é
companheira da vida e, as duas, irmanadas, lutam contra a não vida. Será
possível conciliarmos uma mente especulativa com um coração xamã? Esta é
a grande esperança: recuperar a beleza poética de uma fé que possa ser a
grande ponte para interligar esse abismo. O alvorecer de um novo xamã.
Convivendo entre as descobertas da internet, com sua mente aqui
calculista, aguçando seu sentido felino da busca até a última resposta! O
seu coração entrementes, refugiando-se lá, antes da linha divisória,
nas pradarias, nos rios e lagos, nas mata, sonhando com as montanhas e
adorando o Sol... Olho para os teus olhos e vejo nele inquietações. Sei
que são difíceis as transformações, porque estás cercado de
artificialidade. Como retornar uma vida voltada para energias naturais?
Será negativo tentar uma mudança idealizada. Ser xamã não é mudar-se
para o campo abandonando sua forma atual de ser. Se desejas viver o
xamanismo, não sonhe com coisas impossíveis, postergando para o nunca
uma atitude que pode tomar a partir de hoje. Para se ser Xamã, terá que
construir uma nova postura perante a existência, com humildade; a vida
não é uma mera relação social entre seres humanos. É uma soma na
universalidade de todos os seres. Afinal não somos sonhadores, como
muitos afirmam; somos sim realizadores de sonhos; aqueles que são
capazes de falar com pássaros, e outros animais numa aldeia de cimento.
Que convivendo com pessoas artificiais, vulgares em seus anseios
utilitários, interesseiras frente ao consumismo global, possuem uma
visão de unidade com a essência e que são capazes de se emocionar com as
belezas dela. Belezas que estão presentes em todas expressões da
natureza.
Mário Scherer
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