por Flávio Bastos -
"A verdade não é, de modo algum, aquilo que se demonstra, mas aquilo que se simplifica". (Saint-Exupéry)
Simplicidade nos remete à leveza, à naturalidade da vida representada como um processo de aprendizados e evolução para o espírito imortal. Neste contexto, ser simples é eleger sentimentos nobres como legítimos companheiros de jornada e libertar-se de sentimentos negativos que pesam na bagagem existencial.
Sábio é aquele que vê o que o outro não aprendeu a ver, mas nem por isso se considera um sábio, e sim, um aprendiz entre tantos que retornam para uma nova oportunidade no educandário da vida.
Há milênios, sem ter plena consciência do que acontece consigo, o ser humano carrega o pesado fardo de sua própria história, repleta de acontecimentos onde o orgulho, o egoísmo e a prepotência deixaram as suas marcas registradas em seu periespírito, ou seja, energias pesadas que comprometem o seu bem-viver em função de dívidas acumuladas com o próprio passado.
Este "peso existencial" do espírito reflete-se em desequilíbrios do corpo físico e da mente, que em muitos casos, são acompanhados por processos obsessivos de natureza espiritual. Por isso, por mais que a ciência tente tratar as patologias e psicopatologias, enquanto não se aprofundar nas verdadeiras causas que levam o indivíduo a sofrer, permanecerá perdida no labirinto que separa a realidade física da dimensão que transcende a matéria.
Somos seres espirituais em trânsito pelo planeta Terra. Experiência que revela, no seu final, o que fizemos em prol de si mesmo, do outrem e do mundo no qual vivemos. De nada adianta ocultarmos uma face, se a vida revela-se transparente diante do universo. Clara e límpida como as águas de um regato que mostra o seu fundo à luz do sol.
Portanto, ser simples é aceitar a vida como ela se apresenta diante de nossos olhos, isto é, sem máscaras que escondem intenções não manifestas, responsáveis pelo lado oculto e doentio da natureza humana.
Quando optamos pela transparência de intenções, erradicamos, gradualmente, a energia da dor e do sofrimento em nossas vidas. Processo, que ao longo do tempo, liberta o indivíduo do cativeiro de si mesmo.
A crise de valores que padece a sociedade moderna mostra o seu lado positivo, à medida que expõe as feridas causadas pela cultura materialista que consome mentes e corações sem oportunizar a que o indivíduo reflita sobre os excessos do consumismo e do competitivismo como forma de alienação de si mesmo em relação a outros valores implícitos no contexto vital.
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