Publicado por celestiais em 11/11/2009
Não julgueis para não serdes julgados… (MT 7,1). Se te sugerisse,
agora, cidade que meditas, a que dissesses alguma das coisas que mais
fazes na vida… que é que dirias? Muita coisa, poderias dizer, com
certeza. E com certeza estas muitas coisas, estaria o julgar. Por que?
Por que uma das coisas que mais fazes é julgar? E não somente tu… mas
todas as pessoas? Quem quer que seja… Por que? Exatamente por ser
pessoa. Por ter inteligência. A pessoa foi criada por Deus, a sua imagem
e semelhança. E julgar é uma das atividades próprias do ser
inteligente. Dotado de razão. Aqui porém, surge uma pergunta. Como é
então, que no evangelho, no sermão da montanha, Jesus, a verdade e a
vida, como é que Ele diz, de maneira taxativa: não julgueis!?… Esta
exigência não implica em abdicar do que exige a natureza humana? Não
seria uma exigência desumanizadora? Atentatória da dignidade do ser
racional? Medita, cidade! Não é bem assim… É que há julgar e julgar.
Aliás, no mandamento de Jesus não está simplesmente: não julgueis! O que
disse Jesus é muito mais preciso. Não julgueis para não serdes julgados
– percebes a diferença? Pelo menos percebes que há uma diferença? É
como se alguém te dissesse: não comas para a comida não fazer-te mal. O
sentido não é, obviamente, que não deverias comer nada. O sentido é que
não deverias comer o que te fizesse mal. Não é clara a diferença? Podes
ilustrá-la ainda mais, com inúmeros outros exemplos. Não julgueis para
não serdes julgados! O sentido deste preceito de Jesus é que não deves
julgar “mal” os outros. Quer dizer, julgá-los sem razões que fundamentem
teu julgamento. E, mais ainda: julgar mal é condenar sem motivos
suficientes. O mais inaceitável é quando se trata de julgar as intenções
dos outros. Neste caso, não há razões para arvorar-se em julgador.
Ninguém tem o direito de julgar a consciência de quem quer que seja. Só
se pode julgar o fato externo. A menos que o próprio interessado declare
a própria intenção. Julgar mal é usar de duas medidas diferentes para
julgar os outros e julgar a si. O próprio Jesus esclareceu o sentido de
seu mandamento: Não julgueis para não serdes julgados! Explicando:
porque com o juízo com que julgardes, sereis julgados e com a medida com
que medirdes, vos será medido. E acrescenta: por que vês o cisco no
olho do teu irmão e não percebes a trave que tens no olho? Ou, como
poderá dizer a teu irmão: deixa-me tirar o cisco do teu olho, enquanto
tu tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira, primeiro a trave do teu olho
e, então, verás bem, para tirar o cisco do olho do teu irmão. Não
julgueis para não serdes julgados! Quer dizer: ninguém deve arvorar-se
em considerar-se melhor que o outro. Quem quer que o outro seja. Mesmo
que as aparências convidem para isso. Quem vê o exterior não vê o que
está por dentro. Não nos vê, necessariamente. Ou, como a fórmula
popular: quem vê cara, não vê coração. Não julgueis para não serdes
julgados! O sentido é este: Não condeneis a ninguém – no foro da
consciência dele. A consciência de cada qual é inviolável. É a última
instância de decisão ética. É claro que no campo da vida externa, a
coisa é outra. É bem diferente. No âmbito, porém, da consciência, só
Deus é quem julga, além do próprio envolvido. Tira as consequências,
cidade! Para as tuas atitudes. Para a tua vida concreta. Medita,
cidade!!! (Pe. Raimundo José – 1978)
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