Paulo da Silva Neto Sobrinho
Temos recebido de várias pessoas, seguidoras de outras correntes religiosas,
e-mails com textos ou mensagens, que apesar de alguns dos autores não admitirem,
querem “abrir os nossos olhos” para a verdade, deles é claro. Alguns buscam realçar
a questão dos “milagres” como base para sustentar que Deus escolheu a religião deles
para os produzir. Isso não seria um privilégio?
Primeiro queremos dizer que não serão os “milagres” que irão nos convencer, já
que não acreditamos neles. Acreditamos sim, que eles são na verdade fatos naturais
cujas leis ainda desconhecemos, que acontecem desde os tempos primitivos, em todos
os lugares a qualquer um. Não existe nenhum privilégio para quem quer que seja,
já que “Deus não faz acepção de pessoas”, e principalmente, porque, como
está livro Sabedoria (11, 24): “Tu amas tudo o que existe, e não desprezas nada
do que criastes. Se odiasse alguma coisa, não a terias criado”.
Mas queremos realçar um dos pontos fundamentais da Doutrina Espírita, inclusive
por ter sido por ele que ela se formou, que é sobre a comunicação com os mortos
e que eles possam interferir no mundo dos chamados “vivos”.
O caso que iremos contar agora, não está devidamente relatado como acontecido,
pois infelizmente a memória nos trai não retendo tudo aquilo que queremos, mas é
um fato real e relatado em reportagens televisivas, há pouco tempo atrás.
Um casal comemorando as bodas de ouro (ou seria de prata?), junto com familiares
e amigos estavam numa Igreja participando de uma missa realizada em agradecimento
a Deus pelo convívio mútuo dos cônjuges até aquela data, e nos dias de hoje, diga-se
de passagem, isso se torna cada vez menos freqüente, já que a separação se tornou
uma rotina para muitos casais. Para guardar aquele acontecimento, a belíssima cerimônia
foi filmada já que no futuro a lembrança do que ocorreu naquele dia poderia se perder
completamente.
Nos dias que se sucederam, todos os familiares se juntaram para assistir o que
foi gravado em vídeo-cassete, mas ninguém tinha atentando para um pequeno detalhe.
Até que, num determinado dia, um dos que assistiam chamou a atenção de todos para
duas pessoas, que bem ao fundo da Igreja, estavam indo de um lado para outro. Conseguiram
identificar uma delas. A surpresa foi geral, pois era a imagem de um parente que
havia morrido, ou seja, voltou para o mundo espiritual de onde veio, assumindo a
sua verdadeira condição de ser espiritual.
Reboliço muito grande, na época. Apareceram em vários canais de TV exibindo a
fita, da qual o casal afirmava categoricamente reconhecer, entre aqueles dois que
atravessavam de um lado para outro na Igreja, um de seus parentes desencarnado.
Num determinado canal de TV, chamaram “especialistas” para opinar sobre o ocorrido,
e entre eles estava um padre católico. Esse padre, que se diz especialista em parapsicologia,
na verdade um reconhecido antiespírita, disse que tudo se tratava de fruto da imaginação.
Que teria sido o inconsciente das pessoas que teriam produzido tal coisa. Desculpe-nos,
mas foi bom ver, o casal partindo para cima deste dito padre, que se não fosse contido,
talvez o esganasse ali diante de milhões de telespectadores.
Só que este padre, travestido de cientista, não explicou como o inconsciente
consegue produzir a imagem de uma pessoa, que ninguém poderia estar pensando naquele
momento, e o contrário não se pode provar, passou a ter vida própria, para caminhar
de um lado a outro na Igreja. Entretanto, este mesmo padre, aceita sem contestar
que aqueles aos quais os católicos chamam de santos, aparecem. Citam a aparição
de vários deles e em muitas ocasiões, fato, inclusive, que recorre aos anais da
Igreja para comprovar. Aí perguntamos: somente os espíritos de santos católicos
podem se manifestar?
Já que falamos em santos, podemos acrescentar: se não há nenhum tipo de comunicação
com os mortos, qual o sentido de os católicos fazerem preces e pedido a eles? E
mais, como esses santos atendem aos pedidos sem que haja uma via de comunicação
entre o mundo espiritual e o material? Veja bem, podemos encontrar a maior prova
de que os mortos se comunicam exatamente naquilo em que acreditam.
Mas não queremos ficar só nessa prova, vamos agora recorrer à Bíblia, Livro Sagrado,
que segundo aceitam é a palavra de Deus, e tudo que nela contém não há erro.
Analisemos as seguintes passagens:
1 Samuel 10, 6: E o espírito do Senhor tomará conta de ti, de modo que entrarás
em transe com eles, sendo transformado num outro homem.
Aqui percebemos claramente a ocorrência de uma pessoa em transe (mediúnico) recebendo
a influência de um espírito. Ora, você irá dizer que se trata de “o” espírito e
não “um” espírito? Segundo afirmam vários estudiosos da Bíblia quando em grego não
aparece o artigo definido é porque a tradução correta deverá ser de “um” e não “o”
como se costuma colocar em algumas traduções bíblicas. Ademais, perguntamos: se
fosse realmente o espírito de Deus, ele iria “baixar” em alguém? Mais à frente você
entenderá porque colocamos “baixar”. Será que existe um ser humano com tamanha elevação
para poder receber no seu corpo a influência direta do Criador? Pode ser que alguém
acredite nisso, mas nós não, já que não conseguimos enxergar Deus como o simples
Criador da Terra, mas o Criador do Universo infinito, do qual não temos ainda capacidade
de compreender a magnitude.
1 Samuel 11, 6: Quando Saul ouviu estas palavras, o espírito de Deus tomou
conta dele, e foi possuído de violenta cólera.
Essa passagem é para comprovar que Deus não influência as pessoas, da forma que
os espíritos fazem. Os que aceitam isso deverão admitir também que Deus ao influenciar
alguém possa fazer com que a pessoa se tome de “violenta cólera”, conforme narrado
nesta passagem. Somente fanático poderá aceitar um absurdo desse.
1 Samuel 16, 14-16.23: O espírito do Senhor se tinha retirado de Saul e cada
vez mais freqüentemente o assaltava um mau espírito da parte do Senhor. Então os
cortesãos de Saul lhe disseram: “Está bem claro que o espírito mau de Deus te assalta.
Ordene nosso senhor – nós teus servos estamos às tuas ordens –que procuremos um
homem que saiba tocar cítara. Quanto vier sobre ti o mau espírito de Deus, ele vai
tocar com sua mão e te sentirás melhor”. Quando o mau espírito de Deus se apoderava
de Saul, Davi tomava a cítara, sua mão dedilhava as cordas e Saul se sentia aliviado
e melhorava, e o espírito mau se afastava dele.
Saul sendo ora influenciado por um espírito bom (espírito do Senhor), ora por
um espírito mau (espírito mau de Deus) é perfeitamente aceitável, é o que realmente
acontece. Não há como contestar, para aqueles que não possuem espírito sectário,
de egoísmo eclesiástico ou fanatizados por seus líderes religiosos.
1 Samuel 19, 9-10: Um dia um espírito mau do Senhor baixou sobre Saul; ele
estava sentado em casa com a lança na mão, enquanto Davi dedilhava a cítara. Em
dado momento Saul quis espetar a Davi na parede com a lança, mas Davi conseguiu
esquivar-se de Sal, de modo que este acertou a lança apenas na parede. Davi fugiu,
escapando ileso.
1 Samuel 19, 19-20: Quando comunicaram a Saul que Davi estava em Naiote em
Rama, ele enviou mensageiros para prender a Davi. Estes viram a comunidade dos profetas,
presidida por Samuel, falando em transe profético. Então o espírito de Deus baixou
sobre os mensageiros de Saul, de modo que também eles entraram em transe profético.
Quando referiram isto a Saul, ele mandou outros mensageiros, mas também estes foram
tomados de transe profético. Saul ainda mandou uma terceira vez outros mensageiros,
os quais também entraram em transe. Então ele mesmo se pôs a caminho de Rama. Quando
chegou à grande cisterna, situada em Soco, perguntou: “Onde estão Samuel e Davi?”
Alguém respondeu: “Eles estão em Naiot em Ramá”. Quando se pôs a caminho para lá,
para Naiote em Rama, baixou também sobre ele o espírito de Deus, de modo que durante
todo o caminho até chegar a Naiot em Ramá, estava em transe profético. Também ele
tirou a roupa e ficou em transe diante de Samuel; caiu no chão e ficou sem roupa
todo este dia e toda a noite. Por isso dizem: “Então também Saul é do número dos
profetas?’
Observar nessas duas narrativas acima, as expressões “um espírito mau do Senhor
baixou” e “o espírito de Deus baixou” é tal e qual se fala normalmente quando, não
conhecendo o fenômeno mediúnico, dizem: “o espírito baixou” em fulano ao verem alguém
que está sob a influência de um espírito. Qual a diferença?
As duas provas mais incontestáveis da comunicação com os mortos, vamos encontrar
uma no Antigo Testamento e outra no Novo Testamento.
A primeira é velha conhecida dos nossos adversários que querem de todas a maneiras
buscar uma outra interpretação para ela, de modo que não fique evidenciado o fato
de que houve uma comunicação com o espírito de uma pessoa que já havia falecido.
Está narrado em 1 Samuel 28, que iremos resumir: Saul, cercado pelos filisteus,
querendo saber o que ia acontecer ao povo no caso da guerra contra eles, busca a
pitonisa de Endor para que ela lhe adivinhe o que estaria para acontecer no futuro.
Pede à médium, no caso é uma mulher, para que evoque o espírito de Samuel, para
que ele possa consultá-lo a respeito do que lhe afligia. O espírito Samuel aparece
e, incorporado, ou seja, “baixou” na médium, diz a Saul que ele, seus filhos e o
povo judeu, iriam morrer naquela guerra. O que de fato aconteceu posteriormente.
Na que encontramos no Novo Testamento, devemos realçar que o fato acontece, nada
mais nada menos, de que com Jesus. Na ocasião, Ele, acompanhado de Pedro, Tiago
e João, sobe ao Monte Tabor, lá se transfigura e aparecem os espíritos Moisés e
Elias que conversam com Ele (Mateus 17, 1-9). Não há como a coisa ficar mais clara
que isso. Repetimos, somente os fanáticos é que não vêem, ou não querem ver.
Poderíamos colocar várias pesquisas realizadas sobre a comunicação dos mortos,
feitas por pessoas idôneas e de reconhecido saber científico. Mas não iremos colocar
por dois motivos. O primeiro é porque certas coisas apesar de serem fatos reais
não necessitam de comprovação, até mesmo porque, em algumas situações, as condições
de provas são muito difíceis, a exemplo de Deus, que até hoje ninguém provou a existência,
apesar de todos nós aceitarmos tranqüilamente a sua existência. Em segundo, é que
sempre os atuais donos da verdade, que ao menos se propõem a fazer a pesquisa com
o mesmo rigor científico desses pesquisadores, irão afirmar: as condições de época...;
que Freud ainda não havia trazido a hipótese do inconsciente, etc. Aliás, essa tal
hipótese do inconsciente é falada, mas nunca alguém provou a sua existência, como
e em que condições esse inconsciente produz os fatos a ele atribuído. Já que ainda
ninguém provou tudo isso, devem, por isso mesmo, ser tratado como hipótese.
Vamos falar de testemunhos de pessoas que não pertencem às hostes espíritas,
para que não falem que estamos puxando a “brasa para a nossa sardinha”. Novamente
citaremos dois casos.
O primeiro deles está relatado no livro “O Além Existe”, onde o autor relata
o caso da comunicação que teve com seu filho já desencarnado. O autor chama-se Lino
Sardos Albertini, de cuja biografia extraímos: advogado, profissional liberal, exerce
atividade em Trieste, onde reside na Rua Piccardi, 43. Foi presidente da Academia
de Estudos Jurídicos e Econômicos “Cenáculo Triestino” e presidente da Junta Diocesana
de Ação Católica de Trieste. É (ou foi) vice-presidente nacional da União Pan-européia
Italiana e presidente da Arqueoclube de Trieste. É autor de vários ensaios. Na contra-capa
se diz:
“Este livro é a crônica de um diálogo incomum, entre duas diferentes dimensões,
entre o aquém e o além, entre o pai que chama e um filho, morto em circunstâncias
dramáticas, que responde. O diálogo ocorre através de uma sensitiva que categoricamente
exclui qualquer recompensa e se recusa a desenvolver uma atividade pública”.
“Ela pratica um tipo de escrita automática por meio da qual desemaranha o fio
que mantém unidos o advogado e seu filho, André”.
“Crítico e descrente no começo, Lino Sardos Albertini teve de resignar-se aos
fatos inexplicáveis que André apresentava, a lógica severa das respostas, a sua
coerência. Extraordinária é a maneira de transmissão das mensagens”.
“Envolvente como um romance, impregnado – mesmo na situação dolorosa – de fé
e esperança, este livro há de induzir os seus leitores a uma meditação profunda”.
O livro de que dispomos, foi traduzido da 12ª edição italiana (um best-seller?),
por uma editora de orientação estritamente católica que é a “Edições Loyola”, mas
infelizmente quando depararam com o que realmente tinham editado, não se publicou
mais nenhuma nova edição. Assim, a verdade mais uma vez, foi para debaixo do tapete.
O segundo livro é mais interessante porque o seu autor é um padre católico. Seu
nome é Pe. François Brune. Do qual se diz:
“O Pe. François Charles Antoine Brune é bacharelado em Latim, Grego e Filosofia.
Cursou seis anos de “Grand Seminaire”, sendo cinco no Instituto Católico de Paris
e um na Universidade de Tubingen. Tem cinco anos de curso superior de Latim e Grego
na Universidade de Sorbone. Estudou as línguas assírio-babilônico, hebreu e hierógrafos
egípcios. Foi licenciado em Teologia no Instituto Católico de Paris em 1960, e em
Escritura Sagrada, no Instituto Bíblico de Roma, em 1964. Foi professor de diversos
“grands Seminaires” durante sete anos. Estudou a tradição dos cristãos do Oriente
e dedica-se a estudos dos fenômenos paranormais”.
Segundo temos notícias o Pe. Brune é o representante do Vaticano para assuntos
de Transcomunicação Instrumental (Comunicação dos mortos por aparelhos eletrônicos).
Em seu livro, diz o Pe. François Brune:
“Escrevi este livro para tentar derrubar o espesso muro de silêncio, de incompreensão,
de ostracismo, erigido pela maior parte dos meios intelectuais do ocidente. Para
eles, dissertar sobre a eternidade é tolerável; dizer que se pode entrar em comunicação
com ela é considerado insuportável”.
“Tomem este livro como um itinerário. Abandonem, tanto quanto possível, suas
idéias preconcebidas. Não tenham medo; se este livro não os transformar, logo se
aperceberão. Em todo caso, leiam esta obra como a história de uma descoberta fabulosa
e verdadeira”.
“Progressivamente então, surgirão essas verdades essenciais que se tornarão,
assim eu lhes desejo, a matéria de suas vidas. A morte é apenas uma passagem. Nossa
vida continua, sem qualquer interrupção, até o fim dos tempos. Levaremos conosco
para o além nossa personalidade, nossas lembranças, nosso caráter”.
“O após vida existe e nós podemos nos comunicar com aqueles que chamamos de mortos”.
Fica aí como conclusão final a fala do Pe. Brune, cujo conteúdo sugerimos reflexão
aos que tentam dizer que tudo no Espiritismo é superstição, fruto da imaginação,
etc.
Jan/2003.
Bibliografia.
- Os Mortos nos Falam, Pe. François Brune, Edicel, Sobradinho, DF, 1991, 1ª edição.
- O Além Existe, Lino Sardos Albertini, Edições Loyola, 1989, 1ª edição.
- Bíblia Sagrada – Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1989, 8ª edição.
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