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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

EXPIAÇÕES COLETIVAS

Expiações coletivas.
...

PERGUNTA: - O Espiritismo nos explica perfeitamente a causa dos sofrimentos individuais, como conseqüências imediatas de faltas cometidas na presente existência ou expiação de faltas do passado. Como, porém, cada um só é responsável por suas próprias faltas, como explicar as desgraças coletivas que ferem aglomerações de indivíduos, uma família, uma cidade, uma nação ou uma raça inteira, atingindo bons e maus, inocentes e culpados ?

RESPOSTA:

- As leis que regem o Universo, físicas ou morais, materiais ou intelectuais, foram descobertas, estudadas e aceitas partindo do estudo do indivíduo e da família para o da totalidade do conjunto, generalizando-se gradativamente e comprovando-se a universalidade dos resultados.

O mesmo acontece hoje com as leis reveladas pelo Espiritismo. Podeis aplicar, sem receio de errar, as que regem o indivíduo, a família, a nação, as raças, à totalidade dos habitantes dos mundos, que constituem individualidades coletivas. Há as faltas do indivíduo, as da família, as da nação e todas, sejam de que caráter for, são expiadas de acordo com a mesma lei. O algoz expia o mal que fez a sua vítima, quer no espaço onde a vê diante de si, quer em uma ou várias existências sucessivas, vivendo em contato com ela até à reparação total do mal praticado. O mesmo acontece no caso de crimes cometidos de comum acordo por um grupo de pessoas. Trata-se então de expiações solidárias, o que não impede que, simultaneamente, estejam sendo expiadas as faltas individuais.
Em toda criatura humana há três caracteres: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro da família, e, finalmente, o do cidadão. Sob cada um desses três aspectos pode ser ele criminoso ou virtuoso, isto é, pode ser virtuoso como pai de família e criminoso como cidadão ou vice-versa. Daí as situações especiais que lhe são preparadas nas sucessivas existências.
Salvo alguma exceção, pode-se, pois, admitir, como regra geral que todos os que, numa existência, estão empenhados em algum trabalho comum, já viveram juntos anteriormente trabalhando com o mesmo objetivo, e estarão ainda reunidos numa existência futura até que o tenham atingido, isto é, até que tenham expiado o passado ou cumprido a missão que aceitaram.

Graças ao Espiritismo compreendeis agora a justiça das provações que não foram provocadas por atos da vida presente, porque as encarais como a quitação de dívidas do passado. Por que não sucederia o mesmo com respeito às provações coletivas? Dissestes que as desgraças gerais atingem tanto o inocente como o culpado. Mas não sabeis que o inocente de hoje pode ter sido o culpado de ontem? Quer seja ferido individual ou coletivamente, só o é porque o mereceu.

Além disso há, como já dissemos, as faltas do indivíduo e as do cidadão, a expiação de umas não exime da expiação das outras porque toda dívida tem que ser paga até o último ceitil. As virtudes da vida privada não são as mesmas da vida pública. O indivíduo pode ser excelente cidadão e péssimo chefe de família; e um outro, que é bom pai de família, honesto e trabalhador, pode ser mau cidadão, pode ser insuflado a discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade
São essas faltas coletivas que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que nelas incorreram. Reencontram-se em outras existências para sofrerem juntas a pena de talião, ou para terem oportunidade de reparar o mal que fizeram, socorrendo e assistindo aqueles que outrora maltrataram. O que era incompreensível, incompatível com a justiça de Deus sem a preexistência da alma, torna-se claro e lógico com o conhecimento dessa lei. A solidariedade, o verdadeiro laço social, não é, pois, só do presente. Estende-se ao passado e ao futuro, já que são os mesmos indivíduos que se encontram e se reencontram várias vezes, juntos ascendendo na escala do progresso, prestando-se uns aos outros mútuo auxílio. Eis o que nos esclarece o Espiritismo, por sua eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres.
CLÉLIE DUPLANTIER.

OBRAS PÓSTUMAS, 1ª parte, Questões e Problemas, págs. 172/174.


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