Meus filhos:
Prossegue o Brasil na sua missão histórica de “Pátria do Evangelho” colocada no “Coração do Mundo”.
Nem
a tempestade de pessimismo que avassala, nem a vaga de dúvida que
açoita os corações da nacionalidade brasileira impedirão que se consume o
vaticínio da Espiritualidade quanto ao seu destino espiritual. Apesar
dos graves problemas que nos comprometem em relação ao porvir – não
obstante o cepticismo que desgoverna as mentes em relação aos dias do
amanhã – o Brasil será pulsante coração espiritual da Humanidade,
encravado na palavra libertadora de Jesus, que fulge no Evangelho
restaurado pelos Benfeitores da Humanidade.
Não
se confunda missão histórica do País com a competição lamentável, em
relação às megalópoles do mundo, que triunfam sobre as lágrimas das
nações vencidas e escravizadas pela política financeira e econômica
internacional.
Não
se pretenda colocar o Brasil no comando intelectual do Orbe terrestre,
através de celebrações privilegiadas que se encarreguem de deflagrar as
guerras de aniquilamento da vida física.
Não
se tenham em mente a construção de um povo, que se celebrize pelos
triunfos do mundo exterior, caracterizando-se como primeiro no concerto
das nações.
Consideremos a advertência de Jesus, quando se reporta que “os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros”.
Sem
dúvida, o cinturão da miséria sócio-econômica que envolve as grandes
cidades brasileiras alarma a consciência nacional. A disputa pela venda
de armas, que vem colocando o País na cabeceira da fila dos exportadores
da morte, inquieta-nos. Inegável a nossa preocupação ante a onda
crescente de violência e de agressividade urbana...
Sem
dúvida, os fatores do desrespeito à consciência nacional e a maneira
incorreta com que atuam alguns homens nas posições relevantes e
representativas do País fazem que o vejamos, momentaneamente, em uma
situação de derrocada irreversível.
Tenha-se,
porém, em mente que vivemos uma hora de enfermidades graves em toda a
Terra, na qual, o vírus da descrença gera as doenças do sofrimento
individual e coletivo, chamando o homem a novas reflexões.
A História se repete!...
As grandes nações do passado, que escravizaram o mundo mediterrâneo, não se eximiram
à derrocada das suas edificações, ao fracasso dos seus propósitos e
programas; assírios e babilônios ficaram reduzidos a pó; egípcios e
persas guardam, nos monumentos açoitados pelos ventos ardentes do
deserto, as marcas da falência pomposa, das glórias de um dia; a
Hélade, de circunferência em torno das suas ilhas, legou, à
posteridade, o momento de ilusório poder, porém, milênios de fracassos
bélicos e desgraças políticas.
As
maravilhas da Humanidade reduziram-se a escombros: o Colosso de Rodes
foi derrubado por um terremoto; o Túmulo de Mausolo arrebentou-se,
passados os dias de Artemísia; o Santuário de Zeus, em Olímpia, e a
estátua colossal foram reduzidos a poeira; os jardins suspensos de
Semíramis arrebentaram-se e ficaram cobertos da sedimentação dos evos e
das camadas de areia sucessivas da história. Assim, aconteceu com outros
tantos monumentos que assinalaram uma época, porém foram fogos-fátuos
de um dia ou névoa que a ardência da sucessão dos séculos se encarregou
de demitizar e de transformar. Mas, o Herói Silencioso da Cruz, de
braços abertos, transformou o instrumento de flagício em asas para a
libertação de todas as criaturas, e a luz fulgurou no topo da cruz
converteu-se em perene madrugada para a Humanidade de todos os tempos.
O
Brasil recebeu das Suas mãos, através de Ismael, a missão de implantar
no seu solo virgem de carmas coletivos, com pequenas exceções, a cruz da
libertação das consciências de onde o amor alçará o vôo para abraçar as
nações cansadas de guerras, os povos trucidados pela violência
desencadeada contra os seus irmãos, os corações vencidos nas pelejas e
lutas da dominação argentaria, as mentes cansadas de perquirir e de
negar, apontando o rumo novo do amor para re restaurem no coração a
esperança e a coragem para a luta de redenção.
Permaneçam
confiantes, os espíritas do Brasil, na missão espiritual da “Pátria do
Cruzeiro”, silenciando a vaga do pessimismo que grassa e não colocando o
combustível da descrença, nem das informações malsãs, nas labaredas
crepitantes deste fim de século prenunciador de uma madrugada de bênçãos
que teremos ensejo de perlustrar.
Jesus,
meus filhos, confia em nós e espera que cumpramos com o nosso dever de
divulgá-lO, custe-nos o contributo do sofrimento silencioso e das noites
indormidas em relação à dificuldade para preservar a pureza dos nossos
ideais, ante as licenças morais perturbadoras que nos chegam, sutis e
agressivas, conspirando contra nossos propósitos superiores.
Divulgá-lO,
vivo e atuante, no espírito da Codificação Espírita, é compromisso
impostergável, que cada um de nós deve realizar com perfeita consciência
de dever, sem nos deixarmos perturbar pelos hábeis sofistas da negação e
pelas arengas pseudo-intelectuais dos aranzéis apresentados pela
ociosidade dourada e pela inutilidade aplaudida.
Em
Jesus temos “o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir-nos
de modelo e guia”; o meio para alcançar o Pai, Amorável e Bom; o exemplo
de quem, renunciando-se a si mesmo, preferiu o madeiro de humilhação à
convivência agradável com a insensatez; de quem, vindo para viver o
amor, fê-lo de tal forma que toda a ingratidão de quase vinte séculos
não lhe pôde modificar a pulcridade dos sentimentos e a excelsitude da
mensagem. Ser espírita é ser cristão, viver religiosamente o Cristo de
Deus em toda a intensidade do compromisso, caindo e levantando,
desconjuntando os joelhos e retificando os passos, remendando as carnes
dilaceradas e prosseguindo fiel em favor de si mesmo e da Era do
Espírito Imortal.
Chamados
para essa luta que começa no país da consciência e se exterioriza na
indimensionalidade geográfica, além das fronteiras do lar, do grupo
social, da Pátria, em direção do mundo, lutais para serdes escolhidos.
Perseverai para receberdes a eleição de servidores fiéis que perderam
tudo, menos a honra de servir; que padeceram, imolados na cruz invisível
da renúncia, que vos erguerá aos páramos da plenitude.
Jesus,
meus filhos – que prossegue crucificado pela ingratidão de muitos
homens – é livre em nossos corações, caminha pelos nossos pés, afaga com
nossas mãos, fala em nossas palavras gentis e só vê beleza pelos nossos
olhos fulgurantes como estrelas luminíferas no silêncio da noite.
Levai
esta bandeira luminosa: “Deus, Cristo e Caridade” insculpida em vossos
sentimentos e trabalhai pela Era Melhor, que já se avizinha, divulgando o
Espiritismo Libertador onde quer que vos encontreis, sem o fanatismo
dissolvente, mas, sem a covardia conivente, que teme desvelar a verdade
para não ficar mal colocada no grupo social da ilusão.
Agora,
quando se abrem as portas para apresentar a mensagem do Cristo e de
Kardec ao mundo, e logo mais, preparai-vos para que ela seja vista em
vossa conduta, para que seja sentida em vossas realizações e para que
seja experimentada nas Casas que momentaneamente administrais, mas que
são dirigidas pelo Senhor de nossas vidas, através de vós, de todos nós.
O
Brasil prossegue, meus filhos, com a sua missão histórica de “Coração
do Mundo e Pátria do Evangelho”, mesmo que a descrença habitual, o
cinismo rotulado de ironia, o sorriso em gargalhada estrídula e
zombeteira tentem diminuir, em nome de ideologias materialistas
travestidas de espiritualismo e destrutivas em nome da solidariedade.
Que
nos abençoe Jesus, o Amigo de ontem – que já era antes de nós -, o
Benfeitor de hoje – que permanece conosco -, e o Guia para amanhã – que
nos convida a tomar do Seu fardo e receber o Seu jugo, únicos a nos
darem a plenitude e a paz.
Muita paz, meus filhos!
São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra
Revista Reformador - Nº 2053 - Abril de 2000
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