O SILÊNCIO E A ARTE DE GERENCIAR A ALMA
Leon Denis
"Deus nos fala por todas as vozes do Infinito.
E
fala, não em uma Bíblia escrita há séculos, mas em uma bíblia que se
escreve todos os dias, com esses caracteres majestosos que se chamam
oceanos, montanhas, os astros do céu; por todas as harmonias doces e
graves, que sobem do imo da Terra ou descem dos espaços etéreos.
Fala ainda no santuário do ser, nas horas de silêncio e de meditação.
Quando os ruídos discordantes da vida material se calam, então a voz interior, a grande voz, desperta e se faz ouvir".
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A DOR
Léon Denis.
Tudo o que vive neste mundo, natureza, animal, homem, sofre e, todavia, o amor é a lei do Universo e por amor foi que Deus formou os seres. Contradição aparentemente horrível, problema angustioso, que perturbou tantos pensadores e os levou à dúvida e ao pessimismo.
O animal está sujeito à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda a parte desenrolam-se dramas ignorados. Em nossas cidades prossegue sem cessar a hecatombe de pobres animais inofensivos, sacrificados às nossas necessidades ou entregues nos laboratórios ao suplício da vivissecção*.
Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um longo martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos, rola a triste melopéia dos sofrimentos humanos; o lamento dos desgraçados sobre com uma intensidade dilacerante, que tem a regularidade de uma vaga.
A dor segue todos os nossos passos; espreita-nos em todas as voltas do caminho. E, diante desta esfinge que o fita com seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?
É, no que lhe concerne, uma punição, uma expiação, como o dizem alguns?
É a reparação do passado, o resgate das faltas cometidas?
Fundamentalmente considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e educação. Sem dúvida, as falhas do passado recaem sobre nós com todo o seu peso e determinam as condições de nosso destino. O sofrimento não é, muitas vezes, mais do que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas; mas, sendo partilha de todos, deve ser considerado como necessidade de ordem geral, como agente de desenvolvimento, condição do progresso. Todos os seres têm de, por sua vez, passar por ele. Sua ação é benfazeja para quem sabe compreendê-lo; mas, somente podem compreendê-lo aqueles que lhe sentiram os poderosos efeitos. É principalmente a esses, a todos aqueles que sofrem, têm sofrido ou são dignos de sofrer que dirijo estas páginas.
A dor e o prazer são as duas formas extremas da sensação. Para suprimir uma ou outra seria preciso suprimir a sensibilidade. São, pois, inseparáveis em princípio e ambos necessários à educação do ser, que, em sua evolução
deve experimentar todas as formas ilimitadas, tanto do prazer como da dor.
A dor física produz sensações; o sofrimento moral produz sentimentos. Mas, como já vimos, no sensório íntimo, sensação e sentimento confundem-se e são uma só e mesma coisa.
O prazer e a dor estão, pois, muito menos nas coisas externas do que em nós mesmos; incumbe, pois, a cada um de nós, regulando suas sensações, disciplinando seus sentimentos, dominar umas e outras e limitar-lhes os efeitos.
Epíteto dizia: “As coisas são apenas o que imaginamos que são.” Assim, pela vontade podemos domar, vencer a dor ou, pelo menos, fazê-la redundar em nosso proveito, fazer dela meio de elevação.
A idéia que fazemos da felicidade e da desgraça, da alegria e da dor, varia ao infinito segundo a evolução individual. A alma pura, boa e sábia não pode ser feliz à maneira da alma vulgar. O que encanta uma, deixa a outra indiferente. À medida que se sobe, o aspecto das coisas muda. Como a criança que, crescendo, deixa de lado os brinquedos que a cativaram, a alma que se eleva procura satisfações cada vez mais nobres, graves e profundas. O Espírito que julga com superioridade e considera o fim grandioso da vida achará mais felicidade, mais serena paz num belo pensamento, numa boa obra, num ato de virtude e até na desgraça que purifica, do que em todos os bens materiais e no brilho das glórias terrestres, porque estas o perturbam, corrompem, embriagam ficticiamente.
É muito difícil fazer entender aos homens que o sofrimento é bom. Cada qual quereria refazer e embelezar a vida à sua vontade, adorná-la com todos os deleites, sem pensar que não há bem sem dor, ascensão sem suores e esforços.
O gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é também a apoteose, a coroação de sofrimento. De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Mílton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido. A dor fez-lhes vibrar a alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção que souberam traduzir com os acentos do gênio e que os imortalizou. É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma. Quando ela atinge as profundezas do ser, faz de lá saírem os gritos eloqüentes, os poderosos apelos que comovem e arrastam as multidões.
Dá-se o mesmo com todos os heróis, com todos os grandes caracteres, com os corações generosos, com os espíritos mais eminentes. Sua elevação mede-se pela soma dos sofrimentos que passaram. Ante a dor e a morte, a alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua grandeza trágica, que toca às vezes o sublime e o nimba de uma luz inextinguível.
Suprimi a dor e suprimireis, ao mesmo tempo, o que é mais digno de admiração neste mundo, isto é, a coragem de suportá-la. O mais nobre ensinamento que se pode apresentar aos homens não é a memória daqueles que sofreram e morreram pela verdade e pela justiça? Há coisa mais augusta, mais venerável que seus túmulos? Nada iguala o poder moral que daí provém. As almas que deram tais exemplos avultam aos nossos olhos com os séculos e parecem, de longe, mais imponentes ainda; são outras tantas fontes de força, mais imponentes ainda; são outras tantas fontes de força e beleza onde vão retemperar-se as gerações. Através do tempo e do espaço, sua irradiação, como a luz dos astros, estende-se sobre a Terra. Sua morte gerou a vida, e sua lembrança, como aroma sutil, vai lançar em toda a parte a semente dos entusiasmos futuros.
É, como nos ensinaram essas almas, pela dedicação, pelo sofrimento dignamente suportados que se sobem os caminhos do céu. A história do mundo não é outra coisa mais que a sagração do espírito pela dor. Sem ela, não pode haver virtude completa, nem glória imperecível. É necessário sofrer para adquirir e conquistar. Os atos de sacrifício aumentam as radiações psíquicas. Há como que uma esteira luminosa que segue, no Espaço, os Espíritos dos heróis e dos mártires. Aqueles que não sofreram, mal podem compreender estas coisas, porque, neles, só a superfície do ser está arroteada, valorizada. Há falta de largueza em seus corações, de efusão em seus sentimentos; seu pensamento abrange horizontes acanhados. São necessários os infortúnios e as angústias para dar à alma seu aveludado, sua beleza moral, para despertar seus sentidos adormecidos. A vida dolorosa é um alambique onde se destilam os seres para mundos melhores. A forma, como o coração, tudo se embeleza por ter sofrido. Há, já nesta vida, um não sei quê de grave e enternecido nos rostos que as lágrimas sulcaram muitas vezes. Tomam uma expressão de beleza austera, uma espécie de majestade que impressiona e seduz. Michelangelo adotara como norma de proceder os preceitos seguintes: “Concentra-te e faze como o escultor faz à obra que quer aformosear. Tira o supérfluo, aclara o obscuro, difunde a luz por tudo e não largues o cinzel.” Máxima sublime, que contém o princípio de todo o aperfeiçoamento íntimo. Nossa alma é nossa obra, com efeito, obra capital e fecunda, que sobrepuja em grandeza todas as manifestações parciais da Arte, da Ciência, do gênio.
A dor não fere somente os culpados. Em nosso mundo, o homem honrado sofre tanto como o mau, o que é explicável. Em primeiro lugar, a alma virtuosa é mais sensível por ser mais adiantado o seu grau de evolução; depois, estima muitas vezes e procura a dor, por lhe conhecer todo o valor. A dor física é, em geral, um aviso da Natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até ao ponto de os destruirmos antes do tempo. Quando um mal perigoso se vai insinuando em nós, que aconteceria se não lhe sentíssemos logo os efeitos desagradáveis? Iria cada vez lavrando mais, invadir-nos-ia e secaria em nós as fontes da vida. Às almas fracas, a doença ensina a paciência, a sabedoria, o governo de si mesmas. Às almas fortes pode oferecer compensações de ideal, deixando ao Espírito o livre vôo de suas aspirações até ao ponto de esquecer os sofrimentos físicos. A ação da dor não é menos eficaz para as coletividades do que o é para os indivíduos. Não foi graças a ela que se constituíram os primeiros agrupamentos humanos? Não foi a ameaça das feras, da fome, dos flagelos que obrigou o indivíduo a procurar seu semelhantes para se lhe associar? Foi da vida comum, dos sofrimentos comuns, da inteligência e labor comuns que saiu toda a Civilização, com suas artes, ciências e indústrias! A dor é como uma asa dada à alma escravizada pela carne para ajudá-la a desprender-se e a elevar-se mais alto. Por trás da dor, há alguém invisível que lhe dirige a ação e a regula segundo as necessidades de cada um, com uma arte, uma sabedoria infinitas, trabalhando por aumentar nossa beleza interior nunca acabada, sempre continuada, de luz em luz, de virtude em virtude, até que nos tenhamos convertido em Espíritos celestes.
Por mais admirável que possa parecer à primeira vista, a dor é apenas um meio de que usa o Poder Infinito para nos chamar a si e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura. É, pois, realmente, pelo amor que nos tem, que Deus envia o sofrimento. Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis, para purificar e embelezar nossas almas, porque elas não podem ser verdadeiras, completamente felizes, senão na medida correspondente às suas perfeições. À medida que avançamos na vida, as alegrias diminuem e as dores aumentam; o corpo e o fardo da vida tornam-se mais pesados. Quase sempre a existência começa na felicidade e finda na tristeza. O declínio traz, para a maior parte dos homens, o período moroso da velhice com suas lassidões, enfermidades e abandonos. As luzes apagam-se; as simpatias e as consolações retiram-se; os sonhos e as esperanças desvanecem-se; abrem-se, cada vez mais numerosas, as covas em roda de nós. É então que vêm as longas horas de imobilidade, inação, sofrimento; obrigam-nos a refletir, a passar muitas vezes em revista os atos e as lembranças de nossa vida. É uma prova necessária para que a alma, antes de deixar seu invólucro, adquira a madureza, o critério e a clarividência das coisas que serão o remate de sua carreira terrestre. Por isso, quando amaldiçoamos as horas aparentemente estéreis e desoladas da velhice enferma, solitária, desconhecemos um dos maiores benefícios que a Natureza nos proporciona; esquecemos que a velhice dolorosa é o cadinho onde se completam as purificações. Nesse momento da existência, os raios e as forças que, durante os anos da juventude e da virilidade, dispersávamos para todos os lados em nossa atividade e exuberância, concentram-se, convergem para as profundezas do ser, ativando a consciência e proporcionando ao homem mais sabedoria e juízo. Pouco a pouco vai-se fazendo a harmonia entre os nossos pensamentos e as radiações externas; a melodia íntima afina com a melodia divina. Há, então, na velhice resignada, mais grandeza e mais serena beleza que no brilho da mocidade e no vigor da idade madura. Sob a ação do tempo, o que há de profundo, de imutável em nós, desprende-se e a fronte dos velhos aureola-se de claridades do Além. A todos aqueles que perguntam: Para que serve a dor? Respondo: Para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. Serve para edificar e ornar o templo magnífico, cheio de raios, de vibrações, de hinos, de perfumes, onde se combinam todas as artes para exprimirem o divino, prepararem a apoteose do pensamento consciente, celebrarem a libertação do Espírito! E vede qual o resultado obtido! Com o que eram em nós elementos esparsos, materiais informes e, às vezes até, o vicioso e decaído, ruínas e destroços, a dor levantou, construiu no coração do homem um altar esplêndido à Beleza Moral, à Verdade Eterna! A dor será necessária enquanto o homem não tiver posto o seu pensamento e os seus atos de acordo com as leis eternas; deixará de se fazer sentir logo que se fizer a harmonia. Todos os nossos males provêm de agirmos num sentido oposto à corrente divina; se tornarmos a entrar nessa corrente, a dor desaparece com as causas que a fizeram nascer. Por muito tempo ainda a Humanidade terrestre, ignorante das leis superiores, inconsciente do futuro e do dever, precisará da dor para estimulá-la na sua via, para transformar o que nela predomina, os instintos primitivos e grosseiros, em sentimentos puros e generosos. Por muito tempo terá o homem de passar pela iniciação amarga para chegar ao conhecimento de si mesmo e do alvo a que deve mirar. Presentemente ele só cogita de aplicar suas faculdades e energias em combater o sofrimento no plano físico, a aumentar o bem-estar e a riqueza, a tornar mais agradáveis as condições da vida material; mas, será em vão. Os sofrimentos poderão variar, deslocar-se, mudar de aspecto; a dor persistirá, enquanto o egoísmo e o interesse regerem as sociedades terrestres, enquanto o pensamento se desviar das coisas profundas, enquanto a flor da alma não tiver desabrochado. Ó vós todos que vos queixais amargamente das decepções, das pequeninas misérias, das tribulações de que está semeada toda a existência e que vos sentis invadidos pelo cansaço e pelo desânimo: se quereis novamente achar a resolução e a coragem perdidas, se quereis aprender a afrontar alegremente a adversidade, a suportar resignados a sorte que vos toca, lançai um olhar atento em roda de vós! Considerai as dores tantas vezes ignoradas dos pequenos, dos deserdados, os sofrimentos de milhares de seres que são homens como vós; considerai estas aflições sem conta; cegos privados do raio que guia e conforta, paralíticos impotentes, corpos que a existência torceu, ancilosou, quebrou, que padecem de males hereditários! E os que carecem do necessário, sobre quem sopra, glacial, o inverno! Pensai em todas essas vidas tristes, obscuras, miseráveis; comparai vossos males muitas vezes imaginários com as torturas de vossos irmãos de dor, e julgar-vos-eis menos infelizes, ganhareis paciência e coragem e de vosso coração descerá sobre todos os peregrinos da vida, que se arrastam acabrunhados no caminho árido, o sentimento de uma piedade sem limites e de um amor imenso!
Às vezes julgamo-nos capazes e dignos de chegar às grandes altitudes, e, sem o sabermos, mil cadeias acorrentam-nos ainda a este planeta inferior. Não compreendemos o amor em sua essência sublime, nem o sacrifício como é praticado nas Humanidades purificadas, em que ninguém vive para si ou para alguns, mas para todos. Ora, só os que estão preparados para tal vida podem possuí-la. Para nos tornarmos dignos dela, será preciso desçamos de novo ao cadinho, à fornalha, onde se fundirão como cera as durezas do nosso coração. E, quando tiverem sido rejeitadas, eliminadas as escórias de nossa alma, quando nossa essência estiver livre de liga, então Deus nos chamará para uma vida mais elevada, para uma tarefa mais bela. O mal moral existe na alma somente em suas dissonâncias com a harmonia divina. Mas, à medida que ela sobe para uma claridade mais viva, para uma verdade mais ampla, para uma sabedoria mais perfeita, as causas do sofrimento vão-se atenuando, ao mesmo tempo que se dissipam as ambições vãs, os desejos materiais. E de estância em estância, de vida em vida, ela penetra na grande luz e na grande paz onde o mal é desconhecido e onde só reina o bem! (Léon Denis - Obra: O Problema do Ser, do Destino e da Dor) (*) Vivissecção: operação praticada em animais vivos para estudos de fenômenos fisiológicos (nota do compilador)
vibrações do pensamento
Léon Denis
O Espiritismo, por uns considerado perigoso, por outros vulgar e pueril, quase só é conhecido pelo povo sob seus aspectos inferiores. São os fenômenos mais materiais que atraem de preferência a atenção e provocam apreciações desfavoráveis. Esse estado de coisas é devido aos teoristas e vulgarizadores que, vendo no Espiritismo uma ciência puramente experimental, descuram ou repelem por sistema, algumas vezes com desdém, os meios de cultivo e elevação mental indispensáveis para se produzirem manifestações verdadeiramente imponentes entre o estado físico vibratório dos experimentadores e o dos Espíritos suscetíveis de produzir fenômenos de grande alcance, e nada se faz no sentido de atenuar essas diferenças. Daí a penúria de altas manifestações comparadas à abundância dos fenômenos vulgares.
O resultado é que inúmeros críticos, só conhecendo da questão a sua face terra-a-terra, constantemente nos acusam de edificar sobre fatos mesquinhos uma doutrina demasiado ampla. Mais familiarizados com o aspecto transcendental do Espiritismo, reconheceriam que nada exageramos; ao contrário, nos temos conservado abaixo da verdade.
Quaisquer que sejam as relutâncias dos teóricos positivistas e “antimísticos”, forçoso será ter em conta as indicações dos homens competentes, sem o que viria a fazer-se do Espiritismo mísera ciência, cheia de obscuridades e perigosa para os investigadores.
O amor da ciência não basta, disse o professor Falcomer; é indispensável a ciência do amor. Nos fenômenos não temos que nos haver unicamente com elementos físicos, mas com agentes espirituais, com entidades morais, que, como nós, pensam, amam, sofrem. Nas profundezas invisíveis, a imensa hierarquia das almas se desdobra, das mais obscuras às mais radiosas. De nós depende atrair umas e afastar as outras.
O único meio consiste em criarmos em nós, por nossos pensamentos e atos, um foco irradiador de luz e de pureza. Toda comunhão é obra do pensamento. O pensamento é a própria essência da vida espiritual. É força que vibra com intensidade crescente, à medida que a alma se eleva, do ser inferior ao Espírito puro e do Espírito puro até Deus.
As vibrações do pensamento se propagam através do espaço e sobre nós atraem pensamentos e vibrações similares. Se compreendêssemos a natureza e a extensão dessa força, não alimentaríamos senão altos e nobres pensamentos. Mas o homem se ignora ainda, como ignora as imensas capacidades desse pensamento
criador e fecundo que nele dormita e com o qual poderia renovar o mundo.
Em nossa fraqueza e inconsciência, atraímos na maior parte das vezes Espíritos maus, cujas sugestões nos perturbam. É assim que a comunicação espiritual, em conseqüência de nossa inferioridade, se obscurece e desvirtua; fluidos corrompidos se espalham pela Terra, e a luta entre o bem e o mal se empenha no mundo oculto como no mundo material.
Na atração dos pensamentos e das almas consiste integralmente a lei das manifestações psíquicas. Tudo é afinidade e analogia no Invisível. Investigadores que sondais o segredo das trevas, elevai bem alto, pois, os pensamentos, a fim de atrairdes os gênios inspiradores, as forças do bem e do belo. Elevai-os, não somente nas horas de estudo e experiências, mas freqüentemente, a todas as horas do dia, como um exercício regenerador e salutar. Não esqueçais que são esses pensamentos que vão lentamente eterizando e purificando o nosso ser, engrandecendo as nossas faculdades e tornando-nos aptos a experimentar as mais delicadas sensações, fonte de nossas felicidades futuras.
(Léon Denis - No Invisível).
DIVINA CENTELHA
Léon Denis
Deus está em cada um de nós, no templo vivo da consciência. É aquele o lugar sagrado, o santuário em que se encontra a divina centelha. Homens! Aprendei a imergir em vós mesmos, a esquadrinhar os mais íntimos recônditos do vosso ser; interrogai-vos no silêncio e no retiro. E aprendereis a reconhecer-vos, a conhecer o poder escondido em vós. É ele que leva e faz resplandecer no fundo de vossas consciências as santas imagens do bem, da verdade, da justiça, e é honrando essas imagens divinas, rendendo-lhes um culto diário, que essa consciência, ainda obscura, se purifica e se ilumina. Pouco a pouco, a luz se engrandece em nós outros. De igual modo que gradualmente, de maneira insensível, as sombras dão lugar à luz do dia, assim a Alma se ilumina das irradiações desse foco que reside nela e faz desabrochar, em nosso pensamento e em nosso coração, formas sempre novas, sempre inesgotáveis de verdade e de beleza. E essa luz é também harmonia penetrante, voz que canta na alma do poeta, do escritor, do profeta, e os inspira e lhes dita as grandes e fortes obras, nas quais eles trabalham para elevação da Humanidade. Mas, sentem essas coisas apenas aqueles que, tendo dominado a matéria, se tornaram dignos dessa comunhão sublime, por esforços seculares, aqueles cujo senso íntimo se abriu às impressões profundas e conhecem o sopro potente que atiça os clarões do gênio, sopro que passa pelas frontes pensativas e faz estremecer os envoltórios humanos.
O PROGRESSO
Espírito Léon Denis
[...] O homem dominou a máquina e fez-se senhor da técnica; apesar disso, sofre, agora, as perspectivas angustiantes de um extermínio da vida, quando considera a poluição do ar, da água e o envenenamento das terras ribeirinhas, graças aos excessos de substâncias químicas e tóxicas, de inseticidas e a pressão terrível do "smog" que pairam sobre as cidades mais populosas do mundo, qual fantasma de aniquilamento próximo. E não deixa de pensar nos "satélites espias" e nos super-foguetes com bombas de incalculável poder de destruição armadas nas ogivas, aguardando os disparos automáticos para qualquer emergência, enquanto redes de poderosos radares tentam, inutilmente, detectar inimigos de fora, em arremetidas de surpresa...
(De "Sol de Esperança", de Divaldo P. Franco -em 9/8/1970- Diversos Espíritos)
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