Muito se fala sobre o UNIVERSALISMO ESPIRITUAL
e falam como sendo algo utópico, algo muito além e muito distante de
nossa realidade. Mas será que o Universalismo Espiritual está tão
distante assim? Para responder a isso precisamos primeiro saber o que é
universalismo, então vamos lá! Universalismo: relativo à universal
que pertence a todo o universo, ao cosmos; que se estende a tudo ou por
toda a parte; comum a todos os homens; que é aplicável a tudo; que advém
de todos; que não se atem a uma especialidade; que abrange por inteiro
um campo de conhecimento; que
é adaptável ou ajustável de modo que possa atender a diferentes necessidades; ecumênico. E agora, o Universalismo Espiritual está distante de nós? É claro que não! E, na minha opinião, ele é a essência da Umbanda.
A Umbanda é uma religião Universalista, onde não se admite racismo, preconceito ou intolerância religiosa.
Ela está, assim como a própria representação de Oxalá, de braços
abertos recebendo, agregando e amparando todo e qualquer espírito que
queira evoluir e manifestar a Força de Deus. Na Umbanda manifestam-se
espíritos vindos de todas as outras religiões e regiões do planeta: são
hindus, árabes, judeus, budistas, cristãos, índios brasileiros, negros
africanos e até grandes magos ou sacerdotes. Esses espíritos dotam-se de
nomes simbólicos e são identificados perante as qualidades dos Orixás.
Assim, vemos hoje na Umbanda, por exemplo, um antigo e sábio hindu se
manifestando como um Caboclo, ou um renomado doutor se manifestando como
um Preto-velho, ou ainda um grande mago ou sacerdote se manifestando
como Exu, sem preconceito algum, apenas trabalhando e manifestando as
qualidades e atributos específicos da Divindade Suprema – Deus -
transcendendo todas as religiões espalhadas no plano material e
sustentando a evolução de toda a humanidade de forma única e
universalista.
A Umbanda surge
aberta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar,
independente daquilo o que tenha sido em vida “todos serão ouvidos e
nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos
os que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não”.
Estas são palavras do espírito que se apresentou como Sr. Caboclo das
Sete Encruzilhadas, fundador da Umbanda no plano material ao
oficializar, em 1908, o primeiro centro umbandista, a Tenda Nossa
Senhora da Piedade. E ele continua: “pois da mesma forma que Maria amparou nos braços o seu filho querido, também serão amparados os que socorrerem a Umbanda”.
A Umbanda é uma religião Espírita, pois como define Alan Kardec, no Livro dos Médiuns: “Espírita, é aquele que crê no espírito e nas suas manifestações”.
Ou seja, todo aquele que acredita na manifestação de espíritos, segundo
o próprio Kardec, é espírita! A Umbanda também é uma religião Cristã,
pois a Umbanda acredita e aceita a existência de Jesus Cristo como o
maior médium que já existiu, seguindo seus ensinamentos e seu mandamento
maior: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a um
irmão, não fazendo a esse irmão aquilo que não queremos que façam
conosco”. A Umbanda nasceu em meio aos Cultos de Nação e ao
Candomblé, mas cultua Orixá de forma diferente. No Candomblé os Orixás
têm aspectos humanos, são relacionados a lendas e cultuados com grandes
festas, com muita dança, canções e comida. Na Umbanda é uma heresia
comparar Orixás a seres humanos tornando-os ruins e punitivos,
justificando, assim, erros e desequilíbrios próprios do homem. Na
Umbanda, Orixás são manifestadores dos Mistérios de Deus e em suas
incorporações realizam todo um trabalho Divino em auxilio à comunidade.
Resumindo, no Candomblé se cultua os Orixás e na Umbanda se “trabalha”
com os Orixás.
Jêjes, nagôs,
ketos, minas, bantos, indígenas, católicos, espíritas e muitos outros
povos e religiões contribuíram com a Umbanda, não importando se creem em
Orixás, Voduns, Nkisis, Pajés, Santos etc.
Na Umbanda
Espíritos de Luz não são eguns e não se apresentam como mentores ou
doutores, mas sim como Guias Espirituais. Exus não são escravos, não
trabalham fora da Lei Divina e obedecem a uma única ordem: a dos
Sagrados Orixás, são espíritos de tanta luz e de tanta sabedoria quanto
os Pretos Velhos ou Caboclos. Na Umbanda não se utiliza do sacrifício de
animais e não é através do jogo de búzios que conseguimos respostas e
conselhos espirituais. O Ritual da Umbanda é simples e até impressiona
como se é realizado. A onipresença dos Sagrados Orixás é percebida por
todos da corrente mediúnica e através dessa presença, do amor, da
caridade, da bondade, da fraternidade, da dedicação, da disciplina e do
estudo é que TUDO se realiza, atributos esses necessários a todos que
queiram sentir e se beneficiar dessa Onipresença Divina.
Uma Umbanda
esclarecida e estudada em conceitos universais é a união de todas as
correntes astrais e de todas as linhas de pensamentos que têm norteado a
humanidade e harmonizado todas as religiões. O médium que não entende a
Religião de Umbanda como a mais ecumênica das religiões e que não
respeita todas as outras religiões, não é um verdadeiro médium de
Umbanda. Uma Umbanda esclarecida e estudada em conceitos universais é a
melhor garantia de que um “papa” não criará seu trono particular dentro
da Umbanda e que não ditará dogmas que assegurarão o domínio da fé e da
mente de muitas pessoas.
A Umbanda é única, é o micro realizando o macro.
Axé a todos que conseguem trabalhar e aceitar a Umbanda sem distinção espiritual e como uma religião eclética e Divina.
Escrito por Mãe Mônica Caraccio
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