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sábado, 13 de julho de 2013

ZÉ PILINTRA/MALANDRO? OU EXU?


Há pouco tempo atrás não existia essa discussão. Porém, de alguns tempos para cá, percebeu-se que ocorria um fenômeno na Umbanda de forma tal que algumas entidades, parecidas com Zé Pilintra, formavam uma linha de trabalho à parte. Percebendo isso, alguns dirigentes espirituais passaram a abrir giras com essas entidades do universo da malandragem, eis que surge a linha dos “malandros”.

Este que vos escreve é um médium de Zé Pilintra, e, diga-se de passagem, quando conheci a Umbanda, há 22 anos atrás, ninguém falava em linha de malandros. Apenas sabia-se que algumas entidades apresentavam-se no terreiro fazendo alusão de que trabalhavam junto com ele.

A partir daí, verificou-se que eles também trabalhavam tanto na direita quanto na esquerda. Além disso, possuíam outras características que os aproximavam mais ainda desse que é personagem principal desse artigo. Assim sendo, falemos um pouco mais sobre Zé Pilintra.

Sobre suas características principais tal como gostar de bebida, de cigarrilhas e tudo o mais que for especial, além de fazer delicados gracejos para as mulheres, é algo que muito já foi citado em outros artigos. Sobre suas vestimentas, terno branco com um cravo na lapela, chapéu branco com uma fita vermelha de cetim e sua bengala, também já foi muito falado.

Muitos são os livros que tentam retratar a história de Zé Pilintra. Mas, para que tenhamos uma pequena noção de sua trajetória, não podemos levar ao pé da letra nenhuma delas. Basta dizer que José (o Pilintra) era um homem tão famoso, mais tão famoso que se tornou um “mito”, isto é, uma lenda viva. De tão famoso que era, suas histórias fizeram parte da literatura de Cordel (arte literária típica do nordeste).

Não obstante, precisamos considerar que um mito pode ser conceituado como uma realidade que tem um “q” de fantasia, ou uma fantasia que tem um “q”de realidade. Imagem que alguns chegam a afirmar que ele era capaz de se transformar em um pé de bananeira, quando fugia da polícia. Outros afirmam que morreu assassinado por uma mulher apaixonada.

São muitas as lendas, mas o que as mais antigas histórias nos dizem é que ele nasceu no interior de Pernambuco, depois se mudou para o Recife, local onde ocorreu toda a sua trajetória de vida boêmia, regada a bebidas, jogos e mulheres.

Recentemente fala-se de uma possível passagem pela Lapa carioca, local em que teria aprendido a arte da malandragem. Alguns confundem o homem que viveu na Terra, o Sr. José (conhecido como Pilintra), com os guias de trabalho cuja falange espiritual é enorme. Haja vista que quase todos os terreiros possuem pelo menos um médium que incorpora essa entidade. Algumas pessoas chegam a dizer que Zé Pilintra não vem mais em Terra, e que nós que o incorporamos estamos enganados. Tolice!

Algumas dessas entidades têm um forte sotaque nordestino, outros, carioca. Nem todos possuem sotaque. Pois é sabido que ele se faz presente na Jurema e também no Candomblé. Essa é uma prova viva de que as entidades não estão adstritas a esta ou aquela religião. Para Zé Pilintra não tem porta fechada. Seja Jurema ou Candomblé, seja Batuque ou Omolokô, seja Tambor de Mina, ou Umbanda, não importa, onde chamar Zé Pilintra ele responde. Na direita ou na esquerda.

É preciso acabar com alguns mitos que giram em torno de nossa religião. Não podemos relacionar alguns defeitos que existem no interior de algumas pessoas com a má interpretação que dão às entidades. Não é admissível crer que uma pessoa tenha muitas mulheres e coloque a culpa no fato de ser guiado por Zé Pilintra. Também não se pode dizer que alguém sofre de alcoolismo por causa de sua religião. Permitam-me dizer que jamais tive problemas com bebidas, boemia ou excesso de mulheres. Pelo contrário, meu guia sempre me deu forças para agir com disciplina e respeito.

Mas voltando à temática inicial, creio que se perguntarem a Seu Zé se ele é Exu ou Malandro, ele diria:

Sou malandro, sou Exu, sou mestre da Jurema, sou o que você quiser.

Na Jurema sento-me à mesa, toma a bebida sagrada, trago a força do erveiro, o axé da pajelança.

Na encruza eu trabalho, cruzo e risco ponto. Bebo e solto a minha gargalhada. Kiumba nenhum fica pra ver o resultado.

Na baianada eu puxo a peixeira, quebro o côco, dou meu sarava.

E por tudo isso sou malandro. Na malandragem da vida, gingando de lá, gingando de cá, nunca me esquivando do dever de trabalhar. Há, mas se passa uma mulé bonita (sic), não me diga pra não olhar. Pois se assim não fosse não seria Zé Pilintra. Nego faceiro que tá sempre pronto pra ajudar.

Por Ronaldo Figueira

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